Cinema retrata o drama da imigração na Europa

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
26/04/2015 às 09:40.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:47
 (Divulgação)

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Não é de hoje que a questão da imigração ilegal para a Europa, via mar Mediterrâneo, vem tirando o sono das autoridades do continente, que deverão tomar – pelo menos é o que espera a comunidade internacional – uma solução mais objetiva para o problema, após a tragédia que vitimou centenas de pessoas em alto-mar, na semana passada. No cinema, o tema vem surgindo com força nos últimos anos, especialmente na Itália, principal destino dos imigrantes.   Um dos filmes que melhor retrata essa delicada problemática sociogeográfica é “Terraferma” (2011), de Emanuele Crialese, que põe o dedo na ferida ao mostrar a falta de vontade de parte da sociedade em ajudar os refugiados que saem do norte da África. A trama é localizada numa paradisíaca ilha siciliana que, para preservar o turismo, vê com maus olhos a chegada dos imigrantes, tomando os barcos de pescadores que ajudam os visitantes ilegais.   “Terraferma” é inspirado na história de uma africana, Timnit T., que ficou 21 dias à deriva no mar e teve várias vezes o pedido de ajuda negado por outros barcos. E é a própria Timnit quem interpreta uma etíope grávida salva por um pescador, que prefere escondê-la em casa a entregá-la aos policiais. As críticas do filme são dirigidas principalmente ao então primeiro-ministro Silvio Berlusconi, defensor de uma postura mais rígida em relação à questão, abordada também por produções inglesas e francesas.   A repressão forra a narrativa do belo “O Porto” (2011), de Mika Kaurismaki, em que um engraxate na Normandia se solidariza com um menino do Gabão, descoberto num contêiner que era levado para Londres – mesmo destino de outro garoto, dessa vez iraquiano, que também tem sua jornada interrompida na França em “Bem-Vindo” (2009), de Philippe Lioret. Aqui o personagem que enfrentará a lei é um professor de natação, ajudando o protagonista a atravessar o Canal da Mancha a nado.   O belga “O Invasor” (2011), de Nicolas Provost, aborda o tema sob prisma diferente, registrando não só o preconceito sofrido por um africano em Bruxelas, mas destacando o seu desejo de se “europeizar”, logo se desvencilhando de suas origens, mesmo que tenha que pagar um preço alto por essa suposta troca. Mas os nativos não querem mais do que mão-de-obra barata, levando-o a se rebelar contra um sistema que não o aceita por sua procedência e cor. 

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