Cinemas recebem filme sobre o 'Cardeal do Povo'

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
16/12/2017 às 11:30.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:17
 (Divulgação/Site Arquidiocese de São Paulo)

(Divulgação/Site Arquidiocese de São Paulo)

Em 1973, no auge da ditadura militar, Dom Paulo Evaristo Arns vendeu o Palácio Episcopal por US$ 5 milhões. Com este valor, o arcebispo de São Paulo comprou 1.200 terrenos em zonas periféricas da capital paulista para criar as comunidades de base. “Foi quando o povo passou a ter voz, reivindicando creche e hospital”, destaca o jornalista Ricardo Carvalho, diretor do documentário “Coragem! As Muitas Vidas de Dom Paulo Evaristo Arns”, já em cartaz nos cinemas.

De 1970 a 1998, o cardeal-arcebispo se dedicou às populações economicamente desfavorecidas, construindo também a Catedral do Povo da Rua com o dinheiro que ganhou do Prêmio Niwano da Paz (espécie de Prêmio Nobel japonês) – cerca de US$ 190 mil inteiramente aplicados num local onde os miseráveis podiam comer e tomar banho. Ao se tornar um dos defensores da prática da Teoria da Libertação, acabou enfrentando a própria cúpula da Igreja.

Ricardo Carvalho escreveu dois livros sobre o arcebispo falecido em dezembro de 2016: “O Cardeal e o Repórter”, reunião de 11 matérias escritas na época em que cobria a Cúria Metropolitana, e “O Cardeal da Resistência – As Muitas Vidas de Dom Paulo Evaristo Arns”

“Ao mesmo tempo que ele atendia os pobres, Dom Paulo lutava contra a tirania da ditadura”, lembra Carvalho, ao mencionar as muitas vezes em que o cardeal entrou em presídios para ver o estado de saúde de presos políticos. Com a permissão dele, a Catedral da Sé se tornou o primeiro palco de reunião popular contra o regime, na realização de um ato ecumênico em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, torturado e morto nas instalações do DOI-CODI.

“Dom Paulo salvou muitas vidas, enfrentando frontalmente o governo Médici, a ponto deste dizer que o lugar dele era na sacristia, tirando do ar a rádio da arquidiocese, a 9 de Julho”, salienta Carvalho, que foi setorista do jornal “Folha de S.Paulo” na cúria metropolitana. Para o diretor, Arns foi o cardeal brasileiro mais importante do século XX. “Quase ninguém sabe o que ele fez, porque era modesto, franciscano. Mas ele fez coisas do arco-da-velha”.

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