Circuito Cultural de BH será enriquecido pela abertura de vários equipamentos

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
12/12/2014 às 06:54.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:21
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

O mapa cultural de Belo Horizonte ganhará novos contornos nos próximos cinco anos, quando serão inaugurados – ou ampliados – importantes espaços dedicados a segmentos como teatro, música, artes plásticas, ópera, literatura, design, cinema e museu.    Os primeiros a mudarem a configuração são o espaço cultural localizado sob o Viaduto Santa Tereza e a Sala Minas Gerais da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, que já estarão em pleno funcionamento no próximo semestre. Apesar de estarem em pólos opostos se a referência for o público-alvo, geograficamente, poucos quilômetros separam as iniciativas, fincadas na região Centro-Sul da cidade.   Aliás, boa parte dos espaços se concentram nessa região, seguindo uma tendência de revalorização urbanística a partir da cultura. Outro exemplo é o Centro Técnico de Operação, da Fundação Clóvis Salgado, que sai de Sabará para ocupar quatro galpões ao lado da Serraria Souza Pinto.O único fora da região Centro-Sul é o ambicioso projeto da nova sede do Grupo Galpão, no bairro Esplanada. Diferentemente de outras iniciativas, será iniciado do zero, com um conceito de arquitetura sustentável – destacando uma fachada formada por arbustos de bambu.


  Sala da filarmônica é a primeira novidade de 2015    Em horários de bom fluxo de trânsito, é possível sair do bairro Esplanada, região Leste da cidade, passar pela avenida dos Andradas e parar no número 1.090 da rua Tenente Brito Melo, no Barro Preto, em apenas 25 minutos. É exatamente esse o tempo que levaremos para conhecer os equipamentos culturais que Belo Horizonte receberá nos próximos cinco anos.    Por enquanto, lá no nosso ponto de saída, ainda não há nada que sinalize que o local receberá a futura sede do Galpão.   “É difícil cravar uma data, pois estamos aguardando a reformulação da lei federal que facilitará a captação de recursos. Por enquanto, estamos adiantando os trâmites burocráticos na prefeitura e no governo estadual”, afirma Chico Pelúcio, integrante do grupo que está à frente do projeto.   Apesar de estar em compasso de espera, Pelúcio já vislumbra os frutos colhidos no futuro, que vai além de um teatro multiuso “super moderno”. Para ele, o edifício de quatro andares representará a perpetuação do Galpão.   “Esse projeto bebe das experiências de (Oscar) Niemeyer para o teatro do Ibirapuera, do Teatro Oficina de Zé Celso (Martinez Corrêa) e do que a Lina Bo Bardi fez para o Sesc Pompeia”, salienta o ator, citando três espaços localizados em São Paulo.   Irradiação   O pensamento de Fabio Mechetti, regente da Filarmônica de Minas Gerais, para a Sala Minas Gerais também não é modesto: “Além de ser um espaço de irradiação de cultura, vamos quebrar um pouco esse eixo cultural formado por Rio e São Paulo”, avisa.   Com inauguração prevista para março, o espaço será um dos poucos do Brasil – ao lado da Sala São Paulo e da Cidade das Artes, no Rio de Janeiro – com qualidade similar à das grandes salas internacionais. E a primeira do pais especialmente construída para uma orquestra.   Mechetti registra que o projeto começou de “dentro para fora”, com especial atenção à acústica. Ele também comemora o fato de a Filarmônica poder desenvolver um calendário de concertos mais consistente e racional, sem depender da agenda de outros espaços.   “Não será, porém, um lugar exclusivo da Filarmônica. Esperamos receber outras orquestras e eventos culturais, até para ajudar na sustentabilidade da orquestra”, explica.   A sala integra a Estação da Cultura Presidente Itamar Franco, que passará a contar com a Rede Minas e a Rádio Inconfidência, no final de 2015.    Um lugar feito especialmente para os artistas prepararem seus trabalhos   Antiga Secretaria de Viação e Obras Públicas e atual Centro de Referência ao Visitante (de forma temporária), o “prédio verde” da Praça da Liberdade receberá o Centro de Ensaios Abertos, onde variados grupos artísticos terão estrutura como piso e iluminação ideais para desenvolver os seus projetos. “É algo super moderno, existente em poucos lugares”, destaca Gustavo Caram, gerente operacional do Circuito Cultural Praça da Liberdade. Outros quatro espaços estão em fase de instalação: Casa do Automóvel, Centro Cultural Oi Futuro, Escola de Design da UEMG e um centro de referência da música.    Oi futuro planeja inaugurar teatro, galerias e museu em 2016    Além de ser um lugar de referência para a moda mineira, a Escola de Design da UEMG também gera expectativa pelo movimento que criará no circuito. Afinal, serão cerca de 2 mil alunos, nos três turnos. A previsão de entrega é de dois anos. Ainda estão na fase de projetos o Clube do Automóvel e o centro de referência da música, também conhecido como Museu do Clube da Esquina.    Já o Centro Cultural Oi Futuro – que ocupará o Palacete Dantas e o Solar Narbona – será entregue à população em 2016. De acordo com o diretor cultural do Oi Futuro, Roberto Guimarães, trata-se de um projeto grande e complexo, de caráter multicultural. Uma das meninas dos olhos é o Jardim Sensorial, onde os visitantes irão identificar cantos dos pássaros em extinção na fauna de Minas Gerais. Terá ainda teatro com capacidade para 200 lugares, Museu das Telecomunicações e as galerias de Artes Visuais e Artes Gráficas e Fotojornalismo.   Área inferior do viaduto santa tereza voltará a ser ocupado culturalmente   A parte inferior do viaduto Santa Tereza (em frente à Serraria Souza Pinto) voltará a receber skatistas, rappers, jogadores de basquete e amantes das artes urbanas a partir de fevereiro. É quando devem se encerradas as obras de reforma do local, que passará a contar com tabelas de basquete, arquibancadas e um piso melhor para os praticantes de skate, entre outras melhorias que contemplarão também a parte superior do viaduto.    “A importância desse lugar está muito ligada à história do viaduto. Construído na década de 20, exibindo, na época, o maior vão livre de concreto armado do mundo, acabou sendo apropriado de diversas maneiras, inclusive pelos modernistas. Com o tempo tornou-se um polo de todo tipo de manifestação coletiva. Ali não tem dono. Aliás, todos são donos”, observa Carlos Henrique Bicalho, diretor de patrimônio cultural da Fundação Municipal de Cultura. Segundo ele, o grande objetivo da reforma foi dar condições técnicas e de segurança num espaço que estava bastante degradado.

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