Cláudio Assis pede desculpas à Anna Muylaert após ser banido de cinema

Folhapress
01/09/2015 às 15:29.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:35
 (Divulgação)

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O diretor Cláudio Assis ("Amarelo Manga") pediu desculpas à colega Anna Muylaert, "minha amiga, parceira e roteirista do meu próximo filme, 'Piedade'". Ela aceitou: "Cláudio, tô contigo. Tá desculpado".  Ele e Lírio Ferreira ("Sangue Azul") foram banidos por um ano do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, reduto do cinema contemporâneo no Recife, após uma participação considerada desastrosa num debate sobre "Que Horas Ela Volta?", de Muylaert.    No sábado, os dois fizeram repetidas intervenções no evento sediado pela fundação. Assis chegou a chamar Regina Casé, a protagonista, de "gorda", e um maquiador da produção de "bichona". O comportamento da dupla foi considerado machista, e o caso ganhou ampla repercussão nas redes sociais. Muylaert disse à Folha de S.Paulo, na segunda (31), que via a atitude dos amigos como "narcisista". "A mulher tem dificuldade de subir no palco, e o homem, de descer dele."   Em seu perfil no Facebook, Cláudio Assis afirmou, na madrugada desta terça (1º), que tinha se excedido. "Por excesso de contemplação, passei da conta. Errei e devo desculpas à Anna Muylaert."    À Folha, na segunda, o cineasta dissera que não se arrependia do que tinha feito, enquanto Lírio Ferreira pediu desculpas. Os dois afirmaram que não havia machismo nos seus atos: se fossem colegas homens, teriam feito a mesma coisa. Hoje, Assis adotou tom mais conciliador. "Realizadora que, como eu, tem tentado fazer do cinema um lugar maior que uma sala de exibição. A protagonista naquele dia era ela, e o palco deveria ser só dela. Se me exaltei em um local repleto de outras pessoas que estavam ali para ver Anna e sua incrível obra, peço desculpas também ao público que estava lá e ao Cinema do Museu."    Ele já havia criticado a punição que ele e Lírio receberam do cinema recifense -ao proibir eventos com os dois e a exibição de seus filmes por um ano, o espaço invibializa obras como "Big Jato", próximo lançamento de Assis, previsto para entrar no circuito no começo de 2016. O diretor disse à Folha que isso seria "censura".    No Facebook, Assis disse que classificá-lo de machista é injusto. "No mais, quem quiser, de forma conservadora e careta, me crucificar, assista a qualquer cinco minutos de uma obra que também é de roteiristas, técnicos e atores que junto comigo são contra qualquer tipo de opressão e discriminação."  Cineastas como Tata Amaral e Kiko Goifman curtiram o pedido de desculpas na rede social.    Muylaert, que no dia do debate saiu para beber com Assis num bar próximo ao cinema, reiterou no Facebook do amigo que o episódio era águas passadas.  "Quero dizer que tudo o que aconteceu sábado foi chato e já passou. Mais importante do que discutir o sábado passado é abrir o debate sobre o aprendizado da sociedade em aceitar situações em que o protagonismo é das mulheres, e a coadjuvância, dos homens. Afinal, estamos todos em obras. Um dos temas do meu filme que discutíamos aquele dia é justamente as regras sociais invisíveis que nos regem muitas vezes sem nossa própria consciência."    Por meio de sua assessoria, Regina Casé disse que não estava no dia e, portanto, não falaria sobre ter sido chamada de gorda por Cláudio Assis no debate pernambucano.

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