Clipe foi realizado com expressiva participação LGBTQIA+ na equipe

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
30/03/2021 às 12:11.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:33
 (MARI BOTELHO/DIVULGAÇÃO)

(MARI BOTELHO/DIVULGAÇÃO)

É a primeira vez que Juliana Antunes assina um clipe musical. Um dos nomes de ponta do cinema mineiro na atualidade, premiadas por filmes como “Baronesa” e “Plano Controle”, ela dirige o vídeo da música “Tudo no Menu”, do cantor Matheus Brant, que será lançado hoje nas plataformas digitais.

). O Matheus já tinha o desejo de se aproximar de um curta-metragem. Ele queria uma narrativa de fato, com começo, meio e fim”, assinala Juliana, que, ao lado da psicanalista Sarug Dagir e da atriz Nickary Aycker, construiu uma narrativa de bolero, destacando os jogos de amor ocorridos num bar de BH.

Os protagonistas são trans, uma escolha fundamental para um projeto que busca enfatizar todas as formas de amor. Aliás, a representatividade de pessoas LGBTQIA+ também está expressa na equipe técnica. “Se você não muda o que está por trás das câmeras, não irá mudar o que está na frente”, afirma.

Uma das principais referências do clipe é o filme japonês “Funeral Parade of Roses”, produção de 1969 de Toshio Matsumoto, que, ao fazer uma adaptação livre de “Édipo Rei”, mostra a hostilidade sofrida por um grupo de travestis em Tóquio.

“Em nossas pesquisas, descobrimos que a maioria dos japoneses, antes do domínio norte-americano, era muito mais trans do que cis. Isso mostra que a gente está numa espécie de retrocesso em relação às políticas afirmativas, a partir de uma onda de extrema direita que está tomando conta de todos nós, no Brasil e no mundo”, registra Juliana.

A pesquisa para o clipe “Tudo no Menu” demorou seis meses, tempo que também aproxima o clipe dos estágios de produção do cinema. “Normalmente, um clipe tem feitura mais rápida e publicitária. Nós tivemos um tempo maior para chegar ao tempo que queríamos”, observa.

As filmagens aconteceram em novembro, na Gruta!, espaço alternativo dedicado às causas LGBTQIA+ e feministas. “Estávamos ainda na pandemia, embora num momento em que os dados não estavam tão altos como agora. A Gruta! foi escolhida por ser um set controlado, em que não precisaríamos entrar na casa de ninguém, além de ser um lugar de referência”, explica.

Todo o processo anterior à gravação foi feito de forma on-line, das conversas sobre roteiro às entrevistas com o elenco. “A gente só se reuniu para filmar, seguindo todos os protocolos de segurança, com máscara, álcool em gel o tempo todo e alimentação individualizada”,  lembra Juliana, que espera poder voltar logo à direção de longas, com “Bate e Volta Copacabana”, já aprovado pela Ancine.

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