'Clube da Luta' completa hoje 20 anos de lançamento no Brasil

Paulo Henrique Silva
29/10/2019 às 15:18.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:27
 (Fox/Divulgação)

(Fox/Divulgação)

 O que tanto incomoda Jack? Quando “Clube da Luta” estreou nos cinemas brasileiros, há 20 anos, essa pergunta instigou muitos espectadores que acompanharam a história de um investigador de seguros (Edward Norton) que levava uma vida confortável até resolver entrar para um clube secreto e participar de violentas lutas, guiado por Tyler (Brad Pitt). Dirigido por David Fincher, o filme ainda permanece como uma experiência atordoante, principalmente porque agora o incômodo de Jack parece mais palpável, diante de uma realidade pautada pelas redes sociais.  Baseado no livro homônimo de Chuck Palahniuk, lançado em 1996, o longa antecipa um tempo em que vivenciamos realidades paralelas como fuga da solidão. Fox/Divulgação / N/A

Produção dirigida por David Fincher, com Edward Norton e Brad Pitt no elenco, critica o estilo tóxico da vida consumista, refletindo sobre os efeitos provocados nos indivíduos Divisor de águasO filme tem um ritmo frenético, exibindo uma crítica sagaz a um estilo tóxico de vida consumista e um modo esclarecedor de se observar o mundo que nos rodeia”, registra o crítico de cinema João Paulo Barreto, que tem em “Clube da Luta” um divisor de águas em sua cinefilia. O jornalista só tinha 18 anos quando a produção chegou aos cinemas em 29 de outubro de 1999. O impacto o levou a ver no trabalho de Fincher “uma obra definidora de um norte em uma cinefilia já alimentada por nomes como Martin Scorsese, William Friedkin e Francis Ford Coppola”. Ele chama a atenção para os discursos de Tyler, espécie de profeta dos tempos modernos. Um deles fala que “apenas após perder tudo é que você estará livre para fazer o que quiser”, criticando a sociedade consumista. Temas como manipulação pelas redes sociais encontram eco nas falas de Tyler. À certa altura, ele teoriza que “a mídia nos faz correr atrás de empregos inúteis para comprar coisas que não precisamos. A televisão nos fez acreditar que um dia seríamos astros de rock ou milionários. Mas não seremos. E estamos, aos poucos, percebendo isso e ficando muito, muito zangados”. A leitura sociológica e filosófica vista em “Clube da Luta”, com nomes de peso no elenco e um grande estúdio por trás, não se repetiria no cinema depois. “Um estúdio como a Fox (por meio de seu selo Searchlight) arriscar-se em algo com as ideias apresentadas pela obra de Fincher é algo impensável, hoje, período em que poucos filmes ousam”, registra Barreto.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por