'Coladera' será o único representante mineiro no famoso palco da música

Paulo Henrique Silva
17/06/2019 às 09:29.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:08
 (Beth Freitas / Divulgação)

(Beth Freitas / Divulgação)

Após o segundo CD “La Dôtu Lado” ganhar fartos elogios da mídia europeia e figurar em listas de melhores do ano de revistas especializadas, o grupo mineiro Coladera seguirá para um dos maiores templos da música no mundo: o Montreux Jazz Festival, palco de bambambãs como B. B. King, Ela Fitzgerald, Chet Baker, Miles Davis, Dizzie Gillespie, Nina Simone, Stan Getz e Eric Clapton.

“A nata musical no mundo passa por ali”, comemora Vitor Santana, que se apresentará ao lado do violonista João Pires e do percussionista Marcos Suzano no festival suíço no dia 3 de julho. No mesmo dia, outra atração brasileira será Ivan Lins. “É um sonho que está se realizando. É como, no cinema, ter um filme competindo no Festival de Cannes ou no Oscar. É como receber um selo de qualidade”, sublinha.

Formado em 2013, da ponte lusófona criada entre o brasileiro Santana e o português Pires, o Coladera vem ganhando cada vez mais espaço com a proposta de enaltecer a língua portuguesa e os seus diversos ritmos  – o nome do duo, por sinal, é uma referência a um gênero musical de Cabo Verde, que se junta ao fado, ao samba e ao lundu, em como outros sotaques que marcam presença na música deles.

“Coladera também representa uma metáfora, por ser Cabo Verde o país que está no meio do caminho entre Portugal e Brasil”, registra Pires, sintetizando assim a parceria com Santana, em que o cerne é o violão. “Daí nasce um groove, um ritmo que, junto à percussão, vai se tornando incrível”, completa o parceiro mineiro, que retornou há uma semana de uma turnê por Holanda, Dinamarca, Alemanha e Portugal.

De Minas para o mundo
Enquanto aguardam pela apresentação mais esperada de suas vidas, a agenda aponta para novos desafios. Em 23 de julho, o Coladera fará show ao lado de Thiago delegado, no Teatro Bradesco. Em 16 de outubro, terão vez com a Orquestra Sesiminas, no teatro de mesmo nome. Em novembro, o destino será a Colômbia. “É a música de Minas sendo reconhecida mundialmente. Nossa sede é Belo Horizonte e todos os discos são gravados aqui”, assinala Santana.

Os convites surgem, principalmente, após a boa acolhida de “La Dôtu Lado”, lançado de forma independente no Brasil e pela Agogo Records, selo de uma gravadora alemã. “Ganhamos uma projeção bem maior, com matérias no ‘The Guardian’ e na BBC”, destaca Santana. Para João Pires, “é um barato ver tanta gente escrevendo, escutando e se identificando. Não há coisa melhor para o compositor do que ver sua música circulando”.

As canções do disco são cantadas em português, com exceção da faixa-título e de “Primer Letra”, de língua crioula, originária de Cabo Verde. Entre os parceiros nas letras estão o escritor angolano José Eduardo Agualusa (em “Luz de Yayá”) e a contadora de histórias portuguesa Ana Sofia Paiva (“Deserto do Sal”), além da compositora brasileira Brisa Marques (“Mandiga” e “Algum Lugar em Nós”).

 Ouça a música "Funaná no Moreré"

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