Com Elisa Lucinda e Ellen Oléria, “L, O Musical” estreia hoje em Belo Horizonte

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
14/03/2018 às 17:38.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:52
 (Sérgio Martins/Divulgação)

(Sérgio Martins/Divulgação)

Emoção, risadas, pedidos de casamento, namoro e até mesmo caravanas que acompanham a turnê. Essa tem sido a resposta do público ao espetáculo “L, O Musical”, que faz sua estreia hoje no Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte (CCBB-BH).

Todo o frisson causado pela montagem não é por acaso. Afinal, a peça é representativa ao colocar em cena os desafios e alegrias do amor lésbico a partir da história de uma dramaturga, que celebra o sucesso de seu folhetim – o primeiro a ter um triângulo amoroso entre mulheres – e lembra-se de seu grande amor, uma outra mulher. “Na nossa dramaturgia existem poucas histórias como essa. Em mais de 30 anos de carreira, é a primeira vez que interpreto o papel de uma lésbica”, conta a atriz Elisa Lucina. “Esse primeiro convite é uma ótima notícia, porque passam a existir mais trabalhos como esse. Mas ao mesmo tempo é uma má notícia, porque estamos atrasados em relação aos avanços dos direitos civis”, pontua.

A trilha sonora, escolhida após uma pesquisa em grupos virtuais de mulheres lésbicas, também reforça a história do espetáculo e sua representatividade. “Minha personagem é uma dramaturga que já foi casada com uma atriz. Assim como as cantoras que fazem parte da trilha, elas foram lutadoras e desbravadoras em uma época mais intolerante”, sublinha.

Apesar da inegável identificação com o público LBGT, a atriz ressalta que a peça é direcionada para toda a sociedade. “É uma grande lição de amor. Mesmo as pessoas heterossexuais se sentem representadas. É uma peça para lutarmos por uma vida mais tolerante, menos guerreada e com mais amor”, define Lucinda.

"Pretagonismo"

Com um elenco formado exclusivamente por mulheres – a grande maioria, inclusive as protagonistas, negras – o musical também deixa outro recado, mesmo que não tenha como mote a questão racial. “Tem esse ‘pretagonismo’, que é como eu chamo e que é muito importante”, afirma. “Agora nenhuma força conservadora pode ir contra os quilombolas, os negros, os indígenas. A história está sendo também contada por eles”, ressalta.

A forte presença feminina também é destacada pela atriz. “A mulher está tendo cada vez mais voz na sociedade, mas mesmo assim continuam existindo altos índices de feminícidio. O lesbocídio também é algo que existe. Por isso é muito importante trazer essa história com esse domínio do feminino. A peça é escrita pelo Sérgio Maggio, mas é um assunto de mulheres. O lugar de fala é nosso”

Serviço: “L, O Musical”, de hoje a 9 de abril, às 20h, no CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários). R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia)

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