Com Jennifer Lawrence no elenco, 'Passageiros' é uma ficção-científica romântica

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
04/01/2017 às 18:52.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:18

Pelo menos nos cinemas, a ficção-científica tem resgatado um segmento muito comum nos anos 70 e 80, em que os protagonistas não só encaram um futuro muitas vezes distópico como também estão sozinhos, ampliando a sensação de uma civilização em autoextermínio. Principal estreia de hoje na telona, “Passageiros”, com Jennifer Lawrence no elenco, segue de perto os ingredientes de filmes como “Oblivion”, “Perdido em Marte” e “Gravidade”, que não é uma ficção-científica futurista, mas que tem esse elemento muito presente em sua trama. Um aspecto comum a todos esses longas é a maneira de encarar a tecnologia – mais estéril, higiênica, imponente e opressora do que uma aliada. Em “Passageiros”, uma enorme espaçonave autônoma deve levar, por quase 100 anos, centenas de pessoas a bordo para um outro planeta. A Natureza (ou, nesse caso, o espaço) se interpõe a essa ordem, provocando um imprevisto. A máquina nada pode fazer, quase incontrolável, tirando o homem de sua tranquilidade – leitura que é literal em “Passageiros”, já que o módulo de hibernação do mecânico Jim (Chris Pratt) pifou. Náufrago espacialCom décadas de antecedência à chegada ao destino (uma nova colônia), Jim se vê como um Robinson Crusoé, um náufrago perdido em meio à tanta tecnologia – seu amigo (o nativo Sexta-feira de “Robinson Crusoé”) é um androide-garçom gentil, vivido pelo ator Michael Sheen. A agonia de Jim é que ele não só vê os outros humanos da nave como também sabe que não estará vivo quando eles acordarem em seu “paraíso”, ampliando a sensação de solidão. O que o leva a uma ação desesperada e moralmente errada, ao transgredir a liberdade do outro. Como na história bíblica, Jim sente que deve ter uma Eva ao seu lado, para lhe fazer companhia e acorda uma escritora (Jennifer), Aurora – nome bastante sugestivo, já que, bela, loira e alta, ela é o par perfeito para Jim, alguém para compartilhar o restante de um ciclo de vida.  Assim voltamos para o terreno, para o campo do mundo ideal. Juntos, eles têm comida e tudo mais, além de um ao outro, até o final de suas vidas. O que mais precisariam? Aurora, que parecia insatisfeita consigo na Terra, tem a possibilidade de isolar qualquer mal. Esse universo de comercial de margarina logo se rui, nos fazendo lembrar que tudo surgiu de um grande erro, com Aurora passando a questionar a razão de sua vida ser determinada por um homem (não há exatamente uma questão de gênero, mas essa leitura é possível). Clima de RomanceSeria um ótimo mote se “Passageiros” não fosse uma produção americana, preferindo a ficção-científica romântica, em que as ações, mesmo as menos nobres, precisam ser justificadas para o bem geral. A trama dá uma guinada, parando onde seus congêneres terminam, com indivíduos salvando o coletivo.

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