
Se antes grandes estrelas do cinema costumavam surgir após o sucesso em séries de TV (Jennifer Aniston e George Clooney são exemplos disso), agora o caminho tem se invertido. Com a força e a relevância conquistadas pelas produções destinadas às telinhas – seja na televisão tradicional, seja no formato on demand – nomes consagrados do cinema têm migrado cada vez mais para a televisão.
Caso recente é o da atriz Uma Thurman, rosto conhecido dos filmes do diretor Quentin Tarantino, ela é parte do elenco de “Chambers”, produção de terror que estreou no final de abril na Netflix.
Mas Thurman não é a única. Outro nome de peso que desembarca na plataforma é Renée Zellweger. A estrela de “O Diário de Bridget Jones” é protagonista da série de suspense “Dilema”, que estreia no próximo dia 24.
A TV fechada, mais especificamente a HBO, também não foge dessa tendência. Para a segunda temporada de “Big Little Lies”, a emissora recruta a premiada Meryl Streep, que se une ao já estrelado elenco, composto também por Reese Whiterspoon, Nicole Kidman e Shailene Woodley.
Mas, afinal, quais são os fatores que justificam a ida de estrelas do cinema para a TV? O sucesso gigantesco angariado pelas séries – <CW35>“Game Of Thrones” é uma prova irrefutável disso – é um dos motivos que podem justificar essa tendência. Para Alexis Parrot, produtor de TV e jornalista especializado em séries, há o desejo de surfar em uma onda que tem dado certo. A qualidade artística reconhecida das produções de sucesso na televisão também reforça esse desejo
A liberdade artística e a possibilidade de colocar a mão na massa também é algo que motiva a empreitada de atores renomados na televisão. Tanto que é comum ver esses artistas assumindo papéis executivos. Em “The Morning Show”, aposta da Apple TV+, serviço de streaming que deve ser lançado no segundo semestre deste ano, Jennifer Aniston e Reese Whiterspoon são listadas como produtoras executivas, além de integrarem o elenco que também tem Steve Carell.
Aliás, é também por trás das câmeras que a ida do cinema para a TV acontece. Para a Netflix, o vencedor do Oscar Spike Lee (Infiltrados no Klan) transformou o filme “Ela Quer Tudo”, de 1986, em uma série homônima. Steven Spielberg, que chegou a criticar a pre<CS9.1>sença de filmes de serviços de streaming em premia-ções cinematográficas,</CS> também rumou para as telinhas. No serviço ele produzirá uma nova versão da série “Histórias Fantásticas” para a Apple TV+.
Para Renan Lelis, editor do site Poltrona Nerd, especializado em séries e cultura pop e geek, a presença de grandes diretores na TV é um dos pontos mais importantes dessa migração. “Isso é a cereja do bolo. Agora, as séries na rede aberta, fechada ou no streaming atingiram o mesmo patamar de relevância que o do cinema”, acredita.
No final das contas, Lelis avalia positivamente esse movimento, principalmente por alavancar não só as séries – que ganham rostos conhecidos – mas também a própria qualidade das produções. “É um sinal de que há espaço para todos os atores trabalharem em diversas mídias”, pontua.