Com participações internacionais, Jota Quest lança CD "Funky Funky Boom Boom"

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
12/11/2013 às 08:11.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:05
 (Mauricio Nahas)

(Mauricio Nahas)

Quem ouve "Mandou Bem", a primeira música de trabalho do Jota Quest para a divulgação de seu sétimo álbum de estúdio, "Funky Funky Boom Boom" (Sony), talvez não saiba que há ali uma participação bem especial. As guitarras são de Nile Rodgers, integrante da banda norte-americana Chic e peça fundamental da gravação de "Get Lucky", grande sucesso do Daft Punk, candidato fortíssimo a hit do ano.

Essa é uma das várias parcerias presentes no novo álbum construído a partir de uma conexão entre Belo Horizonte e Nova York, onde atua o produtor de "Funky Funky", Jerry Barnes. Graças a essa parceria, as bases criadas no estúdio do Jota Quest foram abrilhantadas por participações gravadas nos Estados Unidos.

Nos créditos do álbum, se vê, por exemplo, percussões de Mauro Refosco (percussionista brasileiro que toca com o Red Hot Chili Peppers há dois anos) e Bashiri Johnson (que já gravou com Jay Z, Beyoncé e Sting).

"O Jerry é um antigo amigo do PJ (baixista do Jota) e chegou para produzir uma ou duas músicas. Mas como temos nosso próprio estúdio, podemos trabalhar de forma aberta e com mais calma, a tentativa de fazer duas músicas acabou virando 13", conta o guitarrista Marco Túlio Lara.

O Jota Quest começou a pensar na concepção das novas composições em março, mas foi somente em abril, com a chegada do produtor norte-americano (hoje guru do mesmo Chic de Rodgers), que as ideias tomaram corpo.

"O nosso trabalho ganhou um caráter mais orgânico, tanto que está sendo uma maravilha traduzir esse disco para o show ao vivo", afirma Marco Túlio, assentindo com os primeiros comentários da crítica sobre o álbum – de que o Jota se aproxima da sonoridade apresentada no seu primeiro trabalho, "J. Quest", de 1996.

Convidados

Mas Barnes não detém o crédito único da produção do álbum. Quatro faixas contaram com a produção de convidados. Adriano Cintra (ex-CSS e atual Madrid) dá ares contemporâneos para ‘Entre sem Bater" e "Toxina Voyeur". Pretinho da Serrinha (Trio Preto +1) assina co-produção de "É de Coração" e "Jota Quest Convidou".

"Tínhamos a intenção de aproximar da linguagem do samba, mas de um jeito Jota Quest. As músicas produzidas pelo Pretinho não possuem um clichê do samba, mas tem ali uma linguagem, uma melodia do gênero", explica Marco Túlio. "Já com o Adriano, entra uma linguagem mais sintética, uma outra vertente da música pop".

Flerte com a black music misturada com esperança

Há cinco anos o Jota não se reunia para compor um novo repertório – o último álbum de inéditas foi "La Plata", de 2008. Entre março e agosto, a preocupação do quinteto foi saber dosar a intenção de fazer uma coisa nova sem perder a essência do trabalho que a banda vem desenvolvendo há mais de 18 anos.
 
"O Jota Quest é uma mistura de um apreço pela black music, que vai de James Brown a Jay-Z, com a vibração do rock e o trabalho sobre a canção. Sempre tivemos uma retórica que fala de esperança, força e fé. Nem sempre a nossa música fala de alegria, mas sempre trata de esperança", resume Marco Túlio.

Com essa proposta, o Jota soube estabelecer uma linguagem própria que, embora seja criticada por muitos roqueiros de plantão, poucas vezes consegue ser copiada com qualidade.

Sintonia

Talvez seja essa capacidade de construir e manter a identidade o principal fator para explicar o sucesso desde os anos 90. A cumplicidade entre os integrantes também é fundamental, segundo Marco Túlio.

"As pessoas assistem um show de duas horas, mas se esquecem que, para isso acontecer, antes disso ficamos mais de 20 horas juntos, entre viagem e ensaio", diz o guitarrista. “A banda precisa estar em sintonia, estabelecer uma relação construtiva e amigável. Mas não é fácil ser assim o tempo todo”.

Um segredo, de acordo com Marco Túlio, é não procurar fórmulas de êxito, seguir as tendências do mercado. "O primeiro passo para estragar tudo é correr atrás do sucesso. Não pode ter medo de não agradar ao público, fazer a mesma coisa. Nosso critério é outro: queremos fazer diferente do vizinho".

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por