Com réplicas de espadas e outras armas, praticantes revivem batalhas medievais através do Swordplay

Jéssica Malta
06/09/2019 às 19:23.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:27
 (Philippe Lelis Fotografia)

(Philippe Lelis Fotografia)

Não há dúvidas de que as ficções ambientadas no período medieval são um sucesso. Produções como “Senhor dos Anéis” e “Game of Thrones” são recordistas não só de audiência, mas também de prêmios. O interesse por esse universo repleto de castelos e bravos guerreiros não fica restrito, porém, às páginas dos livros ou às telas do cinema ou televisão. Alguns aspectos dessa realidade, temporalmente tão distante, ganham vida nos dias atuais.

É essa a proposta do Swordplay, prática que simula as épicas batalhas entre guerreiros na Idade Média. Sem espadas afiadas ou armas mortais – todos os objetos são revestidos com espuma para garantir a segurança dos participantes – o esporte tem como objetivo principal a diversão. 

“Quando nos reunimos é uma confraternização. Apesar de existirem as disputas, com vencedores e perdedores, a finalidade é cada um mostrar o tipo de luta que pratica, como está sendo a evolução dos treinos”, explica Renan Martineli, praticante do esporte e criador da Liga Mineira de Swordplay.

Apesar de envolver batalhas e lutas, a prática também traz adaptações de brincadeiras conhecidas, como o rouba bandeira.

“Essa é uma das atividades mais queridas do público. Funciona da mesma maneira que a forma clássica, mas com elementos do Swordplay”, conta.

No caso do “rouba bandeira medieval”, os jogadores são divididos em equipes e repetem as regras do jogo tradicional com a adição das armas e especialidades dos guerreiros da Idade Média. “Funciona quase como uma batalha medieval, porque há estratégia, as pessoas se posicionam como arqueiros, lanceiros e escudeiros”, diz ele.

A prática costuma ser feita durante os encontros e lutas de clãs, que acontecem em parques ecológicos da capital. No rouba bandeira, os times costumam ocupar um espaço de cerca de 500 metros. 

Treinamentos

Embora soe como uma brincadeira, o Swordplay é levado a sério por muita gente. No caso do clã Death Knights, do qual Martineli faz parte, são feitos treinamentos aos domingos no Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte. 

“Como fiz kendô (arte marcial japonesa) por um ano e meio, passo um pouco do básico para os participantes. Treinamos por cerca de duas horas e meia, com descansos a cada 30 minutos, e depois eles aplicam a prática nas lutas, já com as armas de espuma”. 

Esporte começou a ser praticado na capital em 2004

Um dos organizadores do Graal MG, primeiro clã de Belo Horizonte, o publicitário Daniel Prado Consenza conta que a prática do Swordplay começou em Belo Horizonte quando um grupo do Rio de Janeiro, também chamado Graal, decidiu vir à capital para conhecer o cenário do esporte em Minas.

Criado a partir de um grupo de São Paulo, o Graal carioca acabou dando origem também à versão mineira, que começou as atividades em eventos dedicados à cultura nerd e japonesa. “Foi dessa forma que muita gente conheceu a prática e começaram a surgir novos grupos, tanto independentes quanto associados ao Graal”, conta.

Com o crescimento da prática na cidade, o esporte passou a figurar em eventos dedicados a sagas específicas, ambientadas também no universo medieval. 

Foi inclusive em uma dessas atividades – dedicada ao universo da série de livros protagonizadas por Percy Jackson – que a Liga Mineira de Swordplay se desenvolveu. 

“Começaram a usar o Swordplay para executar algumas atividades de combate inspiradas no livro e o público foi atraído por isso”, lembra Renan Martineli, que conheceu a prática justamente em uma das edições do evento, chamado de “Encontro de Semi-Deuses”.

Assim, para difundir o hobby e ampliar as possibilidades do esporte na capital, ele e um amigo decidiram fundar a Liga com uma página no Facebook. “Hoje participamos de vários eventos para divulgar o Swordplay e apresentá-los para as pessoas. Além disso, orientamos aqueles que querem participar e também os que querem criar clãs”. 

Conheça as regras do Swordplay

- Arma: desde que sejam respeitadas as regras de segurança – revestimento em espuma e distância de pelo menos 5 centímetros entre o pvc (material comumente usado na arma) e a ponta dela –, os participantes podem reproduzir qualquer tipo de arma, desde espadas de guerreiros europeus àquelas inspiradas em animes. Apesar de serem aceitas em outros Estados, armas como lanças ou outros objetos de arremesso não são aceitos pela Liga Mineira de Swordplay, com exceção do arco e flecha

- Pontuação: a maioria das lutas segue a regra de dois pontos – cada jogador deve atingir o adversário nos braços ou pernas (membros valem 1 ponto) ou no tronco (2 pontos). Caso o jogador tenha um dos membros atingidos, ele deve ser inutilizado durante a luta.

- Faltas: os praticantes são advertidos caso atinjam as partes íntimas, a cabeça ou, no caso das mulheres, os seios. As faltas acarretam a perda do round ou até mesmo a exclusão da atividade

Como começar a praticar

O Swordplay pode ser praticado por qualquer pessoa, independentemente da idade ou gênero. “Basta que a pessoa vá a um dos nossos treinos e lá emprestamos as armas e ensinamos como o esporte funciona”, diz Martineli. A criação de novos clãs na cidade e no Estado também segue regras simples: além dos participantes, os idealizadores devem escolher o nome e uma cor para o grupo. A cor é um elemento importante na identificação durante a batalha. 

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