Karl Mooney solta um “well” pensativo antes de afirmar que vai “comprar briga” com alguns colegas que também trilham pela música celta, especialmente com aqueles que fazem um estilo mais... esnobe. “Há uma divisão entre os que tocam dentro do castelo e os que tocam fora, para o povo dançar no bosque. Os primeiros se apresentam para os reis”, define o vocalista do The Celtas Ride Again. Mooney gosta de dizer que está na turma dos mais “barulhentos” da classe. Não se trata de uma força de expressão. Sua corrente flerta com outros ritmos mais “pesados”, como rock e punk.

ENERGIA

O Ride Again não está sozinho em Minas. Há várias bandas de cabeludos e com vozeirão que investem na música celta:McMinners, Galwem, Tuatha de Dannan e Uairish Pirate Drinking Club.

“Nós misturamos a energia do punk, com a inclusão de guitarras, bateria e temáticas anarquistas, à tradição irlandesa”, resume Gabriel Leão, vocalista e contrabaixista do McMinners, formado em 2012.

Fã do celtic punk, estilo criado em 1980 pelo The Pogues, ele acreditava ser impossível reproduzi-lo no Brasil, devido à necessidade de instrumentos específicos, como o mandolin e a flauta irlandesa. Uma experiência “caseira”, com violão, violino, acordeom, guitarra e bateria, acabou dando certo. “Demos uma repaginada, tocando a música tradicional sob uma ótica diferente, mas sem perder a essência”.

MARGINAIS

O anarquismo característico do punk casou bem com os temas celtas, que envolvem imigrantes saudosos de casa e da vida bucólica do campo. “Eles também têm um estilo mais marginal”, compara. O grupo já conta com composições próprias e prepara um EP para o próximo ano. Outra banda que também está em fase de gestação de um CD é o The Celtas Ride Again – o disco está previsto para o próximo ano.

“Estamos num processo de ‘colher’ as músicas. O disco deverá ter coisas nossas e canções que já caíram em domínio público. Acredito que, até março, ele já esteja pronto”, revela Mooney.

A dupla de vocalistas credita o interesse da música celta em Minas também às festas típicas realizadas anualmente.
Uma delas é o Saint Patrick’s Day, que celebra, em março, um dos padroeiros da Irlanda. “Lá é um dia santo e todo mundo fica em casa. Mas em outros países, virou sinônimo de festa na rua”, informa Leão. Mooney encabeça um projeto, o “Uai Patrick”, que levará, em 2015, a música celta tocada por brasileiros para cidades mineiras.
 
Uma música também para dançar na taberna

Na ala “pesada” da música celta, o interior mineiro está representado pelas bandas Galwem, de São João del-Rei, e Tuatha De Danann, de Varginha. Ambas já têm discos e um bom tempo de estrada – o Tuatha, por exemplo, é uma das mais longevas nesse estilo. O que salta aos ouvidos na Galwem (“chamamento”, na língua gaélica) são as letras em português, que serão reunidas no CD “Joaquim e o Barril de Carvalho”, com lançamento em 7 de dezembro, no Theatro Municipal de São João del-Rei.

“O legal de não cantar em inglês é que o público entende o que a música quer dizer”, assinala um dos integrantes da Galwem, Marcos Teixeira Carvalho, que escuta música celta “desde a barriga da mãe”. Ele gosta da magia presente nessas canções, que contrasta com uma realidade massacrante. “Hoje procuramos por um pouco de fantasia e alegria. Nossas músicas são para dançar na taberna, como as jigs (dança folk nascida no século 16)”, registra.

Escute um pouco do som da banda Galwem:

Banda formada só por mulheres

Um dos grandes nomes da música irlandesa, o Celtic Woman traz uma curiosidade: é formada basicamente por mulheres. Na verdade, quatro (três vocalistas e uma violinista). Formada em 2005, a banda se apresentou no Brasil no mês passado, com o show “The Emerald Tour” – baseado no CD “Emerald: Musical Gems”.

Confira o clipe da banda Tuatha de Danann:

Banda Celta:McMinners:

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