Começou a folia: blocos de Carnaval já se preparam para viabilizar os desfiles de 2018

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
01/11/2017 às 17:23.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:30
 (Nereu Jr/Divulgação)

(Nereu Jr/Divulgação)

Nereu Jr/Divulgação O Então Brilha lançou, no mês passado, uma campanha de financiamento coletivo

Em tese, faltam 102 dias para o carnaval de 2018. Mas se engana quem pensa que os preparativos da folia só começam no ano que vem. Para muitos blocos de rua, já foi queimada a largada na busca por formas de viabilizar desfiles bem estruturados em tempos de um carnaval de proporções cada vez maiores. Um dos principais “blocões” da cidade, o Então Brilha, lançou no mês passado, uma campanha de financiamento coletivo com o objetivo de levantar fundos para custear a festa no ano que vem de forma independente e autogestionada. 

Regente do Então Brilha, Christiano de Souza, o Di Souza, conta que a campanha busca preservar um carnaval grande e bem estruturado, sem perder suas raízes de luta. “O grande desafio do Brilha é continuar mantendo um caráter de rua e de luta num cenário carnavalesco que já tem outro tom. É um bloco muito grande, que arrasta milhares de foliões e é triste perceber que apenas pequena parte desses foliões escuta o som e participa da festa. O desafio é entender os rumos de uma estruturação que atenda ao público, sem perder nosso conteúdo político”, explica.

A campanha busca angariar R$ 50 mil para o bloco, que sairá às ruas com um trio elétrico maior e um sistema de som mais potente. Mas a viabilização das despesas do desfile também se desdobra em outras frentes. “Têm os shows da banda, que fomentam uma caixinha para o bloco; têm os ensaios, em que a gente arrecada contribuições; e tem a lojinha de produtos do Brilha. Mas o crowdfunding é o nosso foco neste ano”, conta Di Souza, lembrando que podem ser feitas contribuições a partir de R$ 1 para a campanha. “Temos várias contrapartidas, mas quem doar mais não vai ficar mais perto do trio, por exemplo. Estarão todos juntos na ‘pipoca’. A maior recompensa, no fim das contas, é o desfile”, defende o carnavalesco.

De menor tamanho, mas cheia de singularidades musicais e de formação, a Roda de Timbau começou a se planejar para 2018 desde o fim do último carnaval. “Estabelecemos diferentes valores de mensalidade que chegam a R$ 40 mensais e cada um paga quanto pode dentro disso. O interessante foi a compreensão dos participantes da bateria sobre a importância de contribuir para o custeio do bloco”, explica o regente Pedro Thiago. “Isso nos permitiu ter uma perspectiva financeira, planejar o carnaval com um orçamento mínimo definido”, completa.Alexandre Rezende/Divulgação Projeto do Chama o Síndico visa formar a bateria e viabilizar o próximo desfile

Formação das baterias mira a evolução musical

Para Nara Torres, regente do Chama o Síndico, um dos desafios do carnaval é a evolução musical. Foi daí que surgiu o “Sindicato”, que promove oficinas para a bateria nos meses que antecedem o desfile. O projeto aconteceu pela primeira vez no último carnaval, formando um grupo conciso e ensaiado de batuqueiros.

“Nesse ano, superamos várias questões, como fechar a bateria, botar corda para proteger os batuqueiros e sair com trio elétrico. Decidimos não abrir mais vagas para o próximo desfile, porque já chegamos num bom número de batuqueiros e queremos aprofundar as questões musicais, avançar em arranjos e grooves”, pontua. As oficinas para o “Sindicato”, fechada em cerca de 120 ritmistas, começaram na semana passada.

O Então Brilha foi outro bloco que optou por fechar a bateria no carnaval desse ano e manterá o combinado em 2018. “Pela primeira vez, o Brilha está dando continuação a um trabalho musical. Percebo que quando a bateria fecha surge um engajamento daquelas pessoas, uma sensação de pertencimento”, afirma Di Souza, lembrando que o Então Brilha começou a ensaiar neste mês.

Também com um grupo fechado, a Roda de Timbau, por sua vez, já vem ensaiando desde o último carnaval. “Temos nove ritmos e diversas convenções. Só é possível executar com primor através de um trabalho de formação musical ao longo do ano. Uma bateria ensaiada e organizada é fundamental para manter o bloco forte na rua e fazer um desfile vibrante”, diz Pedro Thiago.Lincon Zarbietti/Divulgação

Os integrantes da Roda de Timbau já estão ensaiando desde o fim da última folia

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