Companhia mineira de teatro promove festival nacional para valorizar a arte voltada à infância

Da Redação
almanaque@hojeemdia.com.br
18/06/2021 às 12:43.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:12
 (NINGUÉM DOS CAMPOS/DIVULGAÇÃO)

(NINGUÉM DOS CAMPOS/DIVULGAÇÃO)

A Insensata Cia. de Teatro promove, a partir desta sexta (18), a 2ª edição do FeNAPI – Arte entre Infâncias. Pela primeira vez realizado no formato online, em razão da pandemia, o evento reúne nove criações artísticas de quatro estados brasileiros (Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Minas Gerais).

Nesta edição, além das artes da cena (teatro, dança, circo e performance), o público vai assistir, do conforto de casa, apresentações nas áreas de artes visuais e música.

Ao longo do festival, estão previstas também três oficinas, o seminário “Teatro para Crianças: Problemáticas e Solúcio-Lunáticas” - com o ator, bonequeiro, contador de histórias e premiado autor de livros para crianças, Henrique Stchin (SP) -, e ainda, o Quintal de Infâncias, um bate-papo entre especialistas de diversas linguagens, artistas e público presente.

Também haverá produção de textos reflexivos sobre as obras apresentadas, ao longo do festival.

Toda programação será transmitida, ao vivo, gratuitamente, no canal do Youtube da Insensata Cia de Teatro.

“Ao se conceber apenas uma infância, corre-se o risco de equivocar-se ao ‘pasteurizar’ todas as crianças como semelhantes, desconsiderando suas singularidades. Esse erro tende à criação de certo ‘teatro infantil’ que subestima as competências estéticas das crianças e de seus familiares. A ideia de ‘infâncias’, no plural, tende a particularizar a criança, valorizando-a enquanto indivíduo e ser humano, uma vez que cada pessoa é um universo”, explica Brenda Campos, que assina a idealização do Festival – Arte entre infâncias.

O ator Keu Freire, coidealizador do evento, acredita que hoje existem formas preconcebidas em relação à produção teatral infantil e que acabam reduzindo os caminhos para a criação de uma obra de qualidade para crianças. “Mesmo com os muitos projetos e pesquisadores dedicados às artes para as Infâncias na contemporaneidade, ainda é visível o grande número de criações que permanecem amarradas à uma poética viciada e apoiada na infantilização, que menospreza, em sua maioria, todo o potencial cognitivo e sensorial da criança”.

Ele acrescenta que este contexto de pandemia tem contribuído para a companhia expandir seus horizontes, com a realização de diversos seminários em que participam artistas de todo Brasil, além da possibilidade de conhecer trabalhos instigantes para além das artes da cena, no campo da música e das artes visuais. “Tivemos acesso a obras que dialogam com a ideia das múltiplas infâncias e que, por uma série de fatores, como logística e financeiro, não seria possível integrá-las numa edição presencial”, explica.

Os nove espetáculos selecionados para a segunda edição passaram por uma curadoria composta por Brenda Campos, Keu Freire e Carol Fescina. Neste ano, o Fenapi recebeu 377 inscrições, sendo 28 do interior de Minas Gerais, 31 de Belo Horizonte e região metropolitana e 318 propostas de artistas e grupos de outros estados brasileiros.

Entre os critérios de escolha, foram considerados o cuidado com a experiência estética, a diversidade da programação baseada na multiplicidade das infâncias, o protagonismo da criança, representatividades, diversidade de linguagens, as potências artísticas e suas possíveis relações com o contexto de pandemia e isolamento social.

Para Carol Fescina, o festival tem olhar voltado para a diversidade, abarcando questões cronológicas, geográficas, históricas, psicológicas e etc. “Há algum tempo entendo e pratico a curadoria como um exercício de imaginação política. Penso nesse espaço como uma possibilidade de formalização de mundos impossíveis, especialmente quando relacionado às artes para e com as infâncias”.

Durante a mostra serão apresentadas três obras nacionais: “Birita Procura-se” do Grupo A Casa das Lagartixas (São José dos Campos - SP), “A menina com um buraco na mão”, de Alice Cruz e Sergio Kauffmann (Rio de Janeiro – RJ) e “Na pisada do coco com as crianças” do Grupo Samba de coco Eremin (Arcoverde - PE). Do interior do estado de Minas Gerais, estão previstas “Nossa primeira casa” da Cia Benedita na estrada (Caldas - MG), “Remix Shake” do Coletivo Aberto (Ipatinga - MG) e “Zapato busca Sapato” Trupe de Truões (Uberlândia - MG).

Entre os grupos da cena belo-horizontina o festival conta com “Sarau Musical” do Grupo Maria Cutia, “Quem é você?” da Companhia de teatro Toda Deseo  e “Espetáculo Da minha tela eu vejo: Atos performativos com crianças”, com Charles Valadares e Raysner de Paula.

Depois de anos pesquisando a arte para as infâncias, Brenda Campos conclui que “não há como desvincular a criação teatral para crianças da forma como elas são percebidas pela sociedade”. A artista revela que ainda é preciso avançar muito: “o território do teatro infantil ainda está carregado de paradigmas e preconceitos arraigados. A partir deles, é possível compreender as concepções de infância hoje, revelando as formas como a sociedade ainda vê a criança”.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por