Composições de violeiro revelam interior de Minas

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
27/04/2015 às 08:40.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:47
 (Túlio Noronha)

(Túlio Noronha)

Ao lado de Ricardo Vignini, por meio do projeto Moda de Rock, o violeiro Zé Helder mostrou ao Brasil que é possível homenagear os grandes clássicos do rock com a viola caipira. Mas o músico também se sai bem com uma sonoridade mais tradicional, fato comprovado no álbum “Assopra o Borralho”, distribuído pela Tratore. Esse é o terceiro disco solo do artista e o sexto da carreira, contando o Moda de Rock e o grupo Orelha de Pau.   “Conforme fui fazendo o álbum, fui descobrindo que é o meu trabalho mais mineiro. Aqui estão muitas reminiscências da infância, e o disco é mais acústico e enxuto. Algumas faixas até ficaram complexas, mas a maioria é de pouca instrumentação”, afirma o músico, que nasceu em Cachoeira de Minas, passou parte da juventude em Itajubá e hoje mora em Pouso Alegre, no Sul de Minas.   “Assopra o Borralho” remete a assuntos bem interioranos, caso das faixas “Seresta na Roça”, “Sabão de Cinza” e “O Boi”, mas deixa claro o pezinho do músico em um universo mais experimental ao convidar, para a faixa “Água Limpa”, a cantora Alzira E – integrante da turma conhecida como Vanguarda Paulista. “Esse é um trabalho em que mostro todas as minhas referências”.     O primeiro contato de Zé Helder com a música foi na infância, quando ele entrou[/TEXTO] para uma banda de Cachoeira de Minas, tocando clarinete. Aos 11 anos, vivenciou a experiência de tocar para uma plateia de uma cidade diferente. Depois estudou contrabaixo, instrumento do qual virou professor no Conservatório de Pouso Alegre.   A viola entrou na vida dele por meio do acaso. “Eu e um amigo estávamos fuçando o almoxarifado do conservatório e encontramos uma viola. Levei para casa e logo comecei a aprender sobre ela. Queria tocá-la o tempo todo. Foi quando encontrei o meu som e esse lado compositor”, lembra.   A partir do material que tinha sobre contrabaixo, Zé Helder desenvolveu um método de aprendizagem formal de viola caipira, instrumento que ensina no Conservatório de Guarulhos (SP). Ele é um dos poucos músicos que dão aula de viola de maneira formal no Brasil.   “O ensino da viola está muito ligado à tradição, pela observação e contato com os mais velhos. Sempre falo para os alunos sobre a importância disso”, afirma o violeiro, que deseja publicar o material didático que desenvolveu sobre o assunto. Ele adianta que o próximo disco do projeto Moda de Rock será gravado em breve.

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