Concurso de Marchinhas Mestre Jonas reflete angústia coletiva, diz produtor

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
14/02/2020 às 08:30.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:37
 (fotos Vinícius Caricatte/Divulgação)

(fotos Vinícius Caricatte/Divulgação)

O Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, que chega hoje à final de sua nona edição, no Distrital, é um termômetro dos humores sobre a política no país. Com bastante deboche, as músicas passam a limpo os principais fatos envolvendo as esferas municipais, estaduais e federais, especialmente no campo do Executivo. 
 
“Como nos anos anteriores, as temáticas têm uma pegada política acentuada. Neste ano, a política nacional prevaleceu, com pouca coisa local, fruto de uma percepção do senso comum. Os compositores capturam as angústias do pensamento coletivo e as transformam em música”, registra Kuru Lima, produtor do concurso.

Claro, não faltam as marchinhas mais clássicas, que abordam a questão comportamental, mas até elas surgem mescladas à política. “Há uma movimentação no sentido de uma sociedade mais conservadora impor sua visão de mundo a partir da política, buscando definir as diretrizes do país e isso acaba se refletindo nas marchinhas”.

A metodologia pouco mudou nos últimos anos, com a seleção de dez marchinhas para a fase final, avaliadas por um júri formado por cinco pessoas ligadas à área cultural. Quem escolherá a campeã da noite, porém, é o público presente no Distrital, que também vota nas melhores músicas da categoria “Hit do Carnaval”.

A categoria está no segundo ano no concurso e envolve músicas carnavalescas que não se encaixam como marchinhas. Ao todo, são R$ 15 mil em prêmios. 

Até o público será premiado, na escolha da melhor fantasia. “Não precisa fazer inscrição. É só tirar o ingresso e participar da seleção, que acontece ao vivo, por aclamação”.

Damares a Brumadinho

Entre os títulos de destaque, está “E quem não deu, Damares?”, composição que faz referência a Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. A música fala da virgindade (“as periquitas caladas e passarinho sem voar”), do namoro tradicional e da rua Guaicurus, onde há várias casas de prostituição. 

O presidente Jair Bolsonaro é citado em várias marchinhas. Uma delas é “Chupe Chupe Lambe Lambe”, sobre a relação com o governante americano Donald Trump. 

“É capacho é/É baba-ovo/O Bozo é lambe-saco/Tá na boca do povo”, diz um trecho. “Parente Bolsominion” aborda as rupturas familiares devido a preferências políticas.

“Xô Preconceito” tematiza o aumento da intolerância no país, indagando “Por que você me olha e me trata deste jeito? Sai pra lá, xô preconceito” e ressaltando que “somos todos de carne e osso” e que “ser diferente é tão normal e que todos merecem respeito”. Convida a todos para sair às ruas no Carnaval e “soltar a voz para toda a cidade, sem medo”.

No campo estadual, chama a atenção a marchinha “O que Vale é a Vida”, sobre o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, em janeiro do ano passado. 

Serviço
“Baile Finalíssima do 9º Concurso de Marchinhas Mestre Jonas” – Hoje, às 20h, no Distrital (Rua Opala s/n - Cruzeiro). Ingresso: de R$ 20 a R$ 40.

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