Conheça histórias de fãs mineiros que tiveram a vida mudada pelo Kiss

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
21/04/2015 às 14:08.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:43
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Para ser um legítimo fã de Kiss não basta ser (somente) um acumulador de discos, camisas, broches, bizarrices e raridades da banda. Um fã, desses de verdade, tem que ter a cara e a alma do Kiss.

Pra entender melhor a onda dessa turma, você confere a partir de agora as histórias de três rapazes e uma moça que descobriram e se relacionam com a banda de forma extremamente emotiva e fiel. Todos eles nasceram em Minas Gerais e têm em comum a paixão desmedida pelo Kiss.

Gente que já fez (e faz) muita coisa inusitada e até inacreditável – seja pra ficar perto dos caras ou, pelo menos, pra alistar mais admiradores para o que fãs do mundo inteiro chamam de "Kiss Army".


O FÃ QUE FICA SEM DINHEIRO
Leonardo Bridges, 33 anos, promotor de eventos


Ele tem um filho de 9 meses e mora com a namorada bem no Centro da capital mineira. Há um mês, a ideia de Leonardo era simplesmente ir ao show e ficar o mais perto possível dos caras, mas, ele acabou mudando de ideia e, agora, vai assistir a apresentação, lá atrás, na arquibancada. O motivo? O moço decidiu dar um upgrade no nível de fanatismo: pagou o chamado "Meet And Greet". Ou seja: "Ferrei meu bolso por causa disso".

 

 

 

Explica-se: "Meet And Greet" com o Kiss significa tirar uma foto com a banda, bater um papo, ter dois itens autografados, fatura um estojo de palhetas, uma camisa, um pôster, um acústico de 40 minutos, além de poder ver a passagem de som". Tudo por R$2.672. Ow, yeah! "Sou fã ou não sou?", pergunta ele aos risos.

Bridges lembra que a paixão começou aos 15 anos quando ainda estava na 8ª série. "Quando vi a capa do 'Destroyer' pela primeira vez, já fiquei de cara porque era diferente de tudo que eu já tinha visto. Era muito impactante mesmo. Quando escutei o álbum, pensei: 'eles não tem apenas um visual do ca*$#@, mas o som também é maravilhoso'. Daí fui atrás da discografia e virei mais um soldado da Kiss Army", conta aos risos.

Presume-se, então, que como um bom soldado do Kiss, é fácil escolher a música favorita. Nada disso: "Pra mim é difícil escolher até o álbum favorito", brinca ele para depois dar o braço a torcer: "OK! ‘I've Had Enough (Into The Fire)’, do ‘Animalize’".


O FÃ QUE FICA SEM NOIVA
Gustavo Morais, 32 anos, jornalista


O envolvimento do Gustavo com o Kiss tem mais relações com a espiritualidade do que com questões de consumismo. "O Kiss me ensinou que não devo desistir dos meus sonhos, mas viver de acordo com minhas próprias regras. Logo, sempre assimilei o fato que o Kiss defende: a liberdade, o chute no traseiro da baixa autoestima e o acreditar em si mesmo. Apesar do espírito de megalomania da banda, eu jamais sai por aí comprando todos os produtos que levam a marca deles. O compromisso que firmei tem relação com a música, com a atitude e com o espírito de garra deles", afirma.

Das loucuras que encarou pela trupe estadunidense, o moço diz que fez o básico do básico: comprou discos, livros, DVDs, viajou para ver shows (sim, no plural) e... conquistou desafetos por causa do Kiss. "Uma ex-namorada morria de ciúmes da banda e mencionava que meus olhos brilhavam mais pelo Kiss do que pela vontade de me casar com ela. Então, posso dizer que troquei um casamento em potencial pelo Kiss. A garota nem era lá grande coisa mesmo e o Kiss sempre foi a banda mais legal do mundo".

A paixão pelo som pesado vem da infância. "Sou de uma família de roqueiros e essas coisas são passadas entre as gerações. Ainda não tenho filhos, mas certamente eles ouvirão o Kiss. O amor pelo rock é imutável e incondicional. Eu costumo dizer que ninguém vira roqueiro: nós já nascemos assim. Por isso, sem o menor peso na consciência, eu categoricamente afirmo que as três pessoas mais influentes em minha vida sempre serão: meu pai, Paul Stanley, a estrela suprema do rock, e Rod Stewart".

Para um cara tão espirituoso, nada melhor do que ter, portanto, uma canção favorita do Kiss para cada senso de humor: "Se estou mal-humorado ouço 'Shout it Out Loud'; se estou apaixonado, a trilha é 'Forever' ou 'Nothing Can Keep Me From You'; se sinto a necessidade de exorcizar o baixo astral, vou de 'Makin' Love'. Entretanto, a música do Kiss que mais me define é 'I Pledge Allegiance To The State Of Rock And Roll'".


O FÃ QUE CONVERTE A FAMÍLIA INTEIRA
Maurício Peres, 34 anos, gerente de projetos na Construção Civil


O Maurício conheceu o Kiss no auge de uma pequena contravenção escolar: ele tinha 14 anos e estava matando aula na Galeria Praça 7 para ir ao cinema. Mas, no meio do caminho, adivinha quem ele descobriu? “Tinha a capa de um disco do Kiss bem exposta em uma das lojas e ao mesmo tempo tocava as músicas deste álbum. Bem, a ‘matada’ de aula era pra ser assistindo ‘Batman Forever’, só que mudei de ideia e ouvi Kiss o dia todo na loja. Enfim, a minha tarde foi mais de ‘Kiss Forever’”, recorda aos risos.

Passados 20 anos desde a descoberta do primeiro acorde, o moço garante que muita coisa mudou, mas o amor pelo Kiss continua intacto. “O fato de amar a banda me transformou musicalmente. Sempre pintei a cara nos shows e me emocionava. Hoje gosto de reparar no público porque é bem variado: tanto na Argentina, quanto no Uruguai ou Brasil. Imagino que em vários lugares do mundo por onde eles passam também. E isso mostra o poder que a banda tem”.

Um poder que, modéstia à parte, gente como Maurício contribui bastante para reforçar. “Eu sou fã pra car@#$ não só pelas músicas da banda que marcaram passagens da minha vida, mas tenho o diferencial de aumentar o fã clube. E o ápice disso foi ter convertido um pagodeiro (meu irmão), uma sertaneja (minha irmã) e uma Jovem Guarda (minha mãe). Hoje todos lá em casa gostam e muito do Kiss”, brinca.

Depois da “conversão”, Maurício já escreveu uma carta aos caras e vejam só! O texto foi publicado no site oficial da banda com direito a foto. Depois do feito, o moço continua a observar os passos da banda. Confere até a listagem de pedidos para backstage e a partir deles tira conclusões que dão o maior frio na barriga. “Já sabia que eles haviam mudado hábitos, mas sucos naturais e outras bebidas leves me fizeram aceitar que o tempo também passou para eles, por mais que a maquiagem possa torná-los imunes aos danos do tempo”.

A música favorita, “Sure know something”, Maurício espera muito ouvir aqui no Mineirinho. “O fato deles tocarem na minha casa faz com que várias expectativas sejam criadas e algo me diz que o Kiss está chegando na reta final. Não me assustaria ser também uma turnê de despedida”.


A FÃ QUE MOBILIZA O MUNDO TODO
Mhorgana Alessandra, 35 anos, pscicóloga


Se você achava que os três rapazes são exemplos de legítimos fãs do Kiss, vai entender porque a Mhorgana completa o que se pode chamar de Quarteto Fanático. “Eu sou fã desde antes de nascer. Na barriga da minha mãe já ouvia Kiss. Nasci gostando deles”, resume.

Natural, portanto, que as filhas dela, de 7 e 9 anos, Ísis e Victória, sigam os mesmos passos da mãe (e do pai, e da avó, e da tia...). “Minhas filhas já amam o Kiss. Eles são o tio Gene e o tio Paul lá em casa. Querem ir ao show e até sabem cantar as músicas. O Paul e o Gene são uma dupla inseparável há mais de 40 anos e admiro essa união. Claro que não são mais meninos, eles são mais velhos que minha mãe e eu poderia ser filha deles, mas as rugas e o tempo não diminuíram a performance no palco. Eles continuam dando tudo no show como se fossem os mesmos garotos do álbum 'Destroyer'”, destaca.

Para a apresentação de quinta, às 21h, Mhorgana vai com a mãe e a irmã. Mas horas antes do show começar, ela vai ter a chance de realizar o sonho de ficar cara a cara com os ídolos. Assim como Leonardo Bridges ela vai participar do "Meet And Greet" – só que ao contrário dele, Mhorgana não precisou desembolsar nenhum tostão.

Isso porque a psicóloga participou de duas promoções e em uma delas conseguiu que sua foto fosse a mais compartilhada nas redes sociais. Resultado: vai conhecer os caras na lata. “Quando vi que tinha ganhado, eu gritei tanto que você não imagina. Vários amigos pelo mundo todo postaram minha foto, compartilharam como melhor caracterização e me deram força para ganhar. Eu recebia mensagens deles me dizendo: ‘você merece ganhar!’ Foi muito bom sentir tanta energia, tantas vibrações e apoio. Eu estou muito, muito, muito feliz. E quando tudo passar vou colocar essa foto na minha parede. Vou mandar plotar a banda e eu na minha casa. Imagina só: eu e o Kiss?”.

Ah, sim, Mhorgana. Claro que dá pra imaginar! Afinal, é possível se esperar tudo de quem tem como música favorita “I was made for loving you” o que significa, em tradução livre: “Eu fui feita para amar você”. Alguém aqui duvida? 

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