Conhecida pelo Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas ganha Museu

Thais Oliveira - Hoje em Dia
15/12/2015 às 07:08.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:20
 (Leo Lara/Divulgação)

(Leo Lara/Divulgação)

Quem poderia imaginar que a fé de um estrangeiro moveria tantos nativos e outros tantos forasteiros? Pois o português Feliciano Mendes não passou em vão pelas montanhas das Gerais. Em gratidão a uma cura alcançada, em 1757, cumpriu a promessa de fundar um lugar de devoção ao sagrado. Assim nasceu o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, Centro do Estado. De lá para cá, fiéis a perder de vista agradeceram ou buscaram por bênçãos na interiorana cidade de 52 mil habitantes. A partir desta terça (15), com a inauguração do Museu de Congonhas, eles passarão a ter também maior dimensão da história e da arte do povoado consagrado à santificação.

A inauguração do Museu, que atuará como um mediador entre o Santuário e o público, integra as comemorações dos 30 anos do título de Patrimônio Cultural Mundial de Congonhas e dos 70 anos de existência da Unesco. Esta última é parceira da prefeitura no projeto, juntamente ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Ao todo, o aparelho cultural custou R$ 25 milhões, sendo aproximadamente R$ 7,5 milhões provenientes da Prefeitura de Congonhas, R$ 7,2 milhões do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), R$ 4 milhões da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), R$ 3 milhões do Banco Santander, R$ 2 milhões da Vale e R$ 300 mil da Gerdau, entre outros parceiros.

Proposta antiga, a concepção surgiu em 2003, quando o então ministro da Cultura, o músico Gilberto Gil, visitou Congonhas. “Ele percebeu que a cidade não tinha uma estrutura para o visitante ter a noção do que é este lugar. Este museu vai ajudar as pessoas a ter a compreensão deste sítio histórico, como se fosse uma lupa do Santuário que está do lado de fora”, explica o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo de Congonhas (Fumcult), Sérgio Rodrigo Reis.
 
Inédito
 
Os 12 profetas esculpidos em pedra-sabão por Aleijadinho correm o risco de sofrer danos irreversíveis. Não por acaso, o Museu de Congonhas lidera um processo de pesquisa para a preservação da obra de arte.

Feitos nos anos 1970, os antigos moldes dos profetas de Congonhas não apresentavam mais as condições necessárias à reprodução. Como medida de segurança, foram feitas novas cópias.

Os moldes foram digitalizados em 3D, o que correspondeu à primeira aplicação desta tecnologia no Brasil, e compõem o acervo do museu. Para dois profetas – Joel e Daniel – foram produzidos ainda novos moldes em fôrma flexível de silicone, possibilitando a produção de cópias em gesso.


O museu reproduziu ainda os 12 profetas e os últimos momentos de Jesus na Terra (Fotos: Leo Lara/Divulgação)

Exposição, vídeos, instalações e biblioteca integram o museu
 
Verdadeiro altar da arte, o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos está localizado no alto do Morro Maranhão. Trata-se de um museu ao ar livre, formado pela Basílica, escadaria em terraços decorada por esculturas dos 12 profetas em pedra-sabão e seis capelas com cenas da Via Sacra (últimos momentos de Jesus), contendo 64 esculturas em cedro em tamanho natural. As obras são de autoria do grande escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), e o pintor Manoel da Costa Athaíde (1760-1830).

A aproximadamente 300 metros deste local, agora está o Museu de Congonhas. “Com mais de três mil metros quadrados, o museu vai potencializar a compreensão do Santuário por meio de vídeos, filmes, instalações, obras de arte e biblioteca com referências à devoção à Congonhas e Aleijadinho. Também há uma exposição permanente que traz um paralelo do universo do sagrado e do universo da arte”, destaca Sérgio Reis.

O presidente da Fumcult afirma ainda que, nos próximos meses, três livros serão lançados: “Arte e Paixão – Congonhas de Aleijadinho”, de Fábio Franca (editora Com-Arte), “Santo de Casa”, de Márcia de Moura Castro, e “Ex-Votos de Congonhas”, sendo que estes dois últimos foram editados pelo Iphan. A partir de abril, uma programação cultural com cerca de dez shows e teatro ao ar livre também farão parte do circuito.


No Museu, o público poderá conferir uma maquete do Santuário
 
Mais R$ 30 milhões serão investidos em Congonhas

Além do Museu, uma série de ações estão em andamento por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas. Segundo Reis, todos os equipamentos culturais serão recuperados, como a Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, a ladeira histórica que liga a romaria do centro cultural ao museu, as igrejas da cidade e o Museu da Imagem e Memória. Estão previstas, ainda, a modernização do Cine Teatro Leon, a ampliação da biblioteca pública e a construção de um parque ecológico ao lado do museu. Ao todo, serão mais de R$ 30 milhões de investimentos.

“Congonhas tem agora um antes e depois desse museu e da qualificação que o PAC está realizando. Somos uma cidade mineradora e a nossa riqueza está estimada para durar mais 30 anos. Então, tínhamos que buscar outra alternativa. O que fizemos foi aproveitar esta vocação cultural de Congonhas e construir um eixo de desenvolvimento para nós. Congonhas tem turismo forte religioso, é cidade de entretenimento com os grandes eventos que realizamos, mas ainda não tinha um turismo qualificado que deixasse uma verba constante como teremos a partir de agora”, diz Reis.

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