Corteo, a mais teatral das criações do Cirque du Soleil

Miguel Anunciação - Hoje em Dia
18/09/2013 às 08:21.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:30

Quarta produção que o Cirque du Soleil traz a Belo Horizonte, “Corteo” estreia nesta quinta-feira (19), às 21 horas, na lona erguida na Avenida Clóvis Salgado, s/nº, no bairro Bandeirantes – no mesmo endereço onde “Varekai” foi exibido, em 2011. Não tem erro.

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Como é de praxe, a estreia é restrita a convidados, inclusive uma porção de alunos de escolas de circo da Grande BH. Aos que carecerem comprar ingressos e pagar a conta (salgada) da pipoca e do refrigerante, distribuídos gratuitamente na estreia, a oportunidade de (re)ver o Soleil só acontece a partir desta sexta-feira, dia 20.

A temporada de “Corteo” na cidade prossegue até 27 de outubro e os ingressos custam entre R$ 95 e R$ 440. São só para quem pode. Um lembrete: se for de carro, é mais prudente sair com razoável antecedência, uma vez que o trânsito noturno na região da Pampulha costuma ser bastante pesado.

Concebido e dirigido pelo franco-suíço Daniele Finzi Pasca, criador de “Donka” e “La Veritá”, espetáculos exibidos com enorme sucesso para belo-horizontinos, “Corteo” é considerado “muito diferente em relação aos outros espetáculos do Soleil” já trazidos ao Brasil – seis, contando com ele.


Cena em 360º

Seria “o maior, o mais cercado de técnicas, o mais teatral e o menos físico dos espetáculos em turnê do Soleil”, garante a japonesa Mami Ohki, relações públicas de “Corteo”, profissional do Soleil desde 2008.

Com capacidade para 2.770 espectadores (420 lugares a mais que “Varekai” possuía, ainda assim, a sensação de proximidade do palco não se perde), a lona de “Corteo” abriga uma encenação que se distribui em 360° graus – uma outra diferença em relação aos demais espetáculos, que mantinham uma visibilidade somente frontal.

Com 2h30 de duração, contando um único intervalo, este oferece o impecável desfile de números e virtuoses circenses – padrão que tornou o Soleil há muitos anos o mais respeitado empregador no mundo inteiro em seu ramo de negócio –, executados por cerca de 60 artistas de 19 nacionalidades, quatro dos quais são brasileiros: dois deles de Santa Catarina (Marcelo Perna e Fábio Santos) e os outros dois de São Paulo (Romina Aurich e Camila Comin).


Ensaios e providências antes de chegarem os primeiros convidados

O que em “Alegria”, “Quidam” e “Varekai” eram pouco além de residual, de sugestões de dramaturgia, situações anunciadas, mas de perto o espectador mal percebia, em “Corteo” uma história de fato se coloca. Mauro, um palhaço de muitos anos de ofício, sonha (ou vivencia?) a proximidade da própria morte.

Do idioma italiano, o termo corteo pode ser traduzido para nossa língua como cortejo, procissão, e remete ao desfile que amigos e fãs deverão fazer pela perda do talentoso artista. E o que se conta no palco de Mauro, a vida preenchida que ele teve até então, é o que faria “Corteo” tão “mais teatral”.

De modo algum o episódio fúnebre tornaria “Corteo” tristonho. Posta em quatro estandes, a banda toca a trilha sonora original. Figurinos em tecidos naturais lembrarão circos de antigamente. Há menos números de plateia (só antes e no intervalo da encenação), mas situações divertidas e felizes sobrarão ao longo do espetáculo. Como quando quatro ex-amores de Mauro se penduram em lustres gigantescos (foto) sobre a cama onde ele se deita.


Milimetricamente

Paulistana, há quatro meses em “Corteo”, outros três anos na China, num espetáculo que o Soleil já sacou do repertório, Romina Aurich é uma das ex-namoradas. As quatro ensaiavam no palco, ontem à tarde, após uma semana de folga desde o fim da temporada em Brasília. Afinavam com técnicos onde os programas de computador definiram onde e como os lustres estariam. Tudo milimetricamente previsto.

Desde as 10h30 de ontem, o elenco se exercitava, todos muito compenetrados. Um trio de rapazes realizava saltos de até 12 metros. Mais treinos acontecem hoje e amanhã, antes de os primeiros convidados despontarem. Quando a lona estiver nos trinques, preparadíssima para voltar a provar como o Soleil sabe receber bem e oferecer em troca do que cobre um programa divertido, respeitável, de altíssimo nível técnico. Apesar de quaisquer ressalvas que lhe façam. Bom espetáculo!

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