Cotidiano: ‘Elas, Madalenas’ será aberta nesta quarta-feira

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
09/04/2014 às 07:27.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:01
 (Lucas Ávila/Divulgação)

(Lucas Ávila/Divulgação)

Fotógrafo e jornalista, além de formado em Geografia, Lucas Ávila sempre se interessou pelo universo dos excluídos. “Desde a infância tive curiosidade em conhecer a realidade grupos marginalizados”, rememora ele, hoje com 28 anos. Já na faculdade, visitava leprosários, tribos indígenas, acampamento de sem-terras... Com o tempo, veio também a curiosidade de saber mais sobre a vida de travestis – particularmente, a atividade delas durante o dia. Não por outro motivo, diz que a fotografia “foi só uma desculpa” – para se aproximar mais deste universo.

Desculpa ou não, de qualquer forma, o resultado de uma seleção de seus quase três mil cliques pode ser conferido a partir desta quarta-feira (10), na exposição fotográfica “Elas, Madalenas”, que poderá ser vista até o dia 29, no Memorial Minas Gerais Vale – Praça da Liberdade.

Fruto de uma pesquisa realizada desde 2011, a exposição retrata a imersão no dia-a-dia de travestis, transexuais, drag queens, transformistas, andróginos e demais pessoas que possuem uma vivência na transgressão de gêneros.

Evidentemente, o que o visitante vai conferir é uma amostragem, selecionada com o auxílio da curadora, Amanda Alves. São dez fotos em totens (1,70m X 78cm) na escadaria principal do Memorial Minas Gerais Vale e outras dez (10cmX15cm) disponíveis para o público, impressas em formato pop-card e disponíveis em uma penteadeira na entrada do museu.

A abertura será feita junto às atividades do projeto “Transgressões no Museu”, do Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual da Secretaria Municipal de Educação de BH.

Lucas diz que o foco de sua iniciativa não é propriamente inédito no universo da fotografia. O enfoque sim, é um diferencial. “Queria mostrar essas personagens no dia a dia, através de fotos do cotidiano”. A aproximação com os modelos, conta, não ocorreu de forma sempre fácil. “São pessoas que receberam ‘não’ a vida inteira. Demorei seis meses para fazer a primeira foto, mas, com o tempo, adquiri confiança e foi tranquilíssimo. Ao final, fiz várias amigas, e aprendi muita coisa”.

Um exemplo? “Que a coisa do gênero não está necessariamente ligada à opção sexual. Você tem pessoas que nascem com a vontade de pertencer ao sexo oposto, fazem a construção toda como mulher, mas não quer dizer que vão gostar de homens”, diz, referindo-se a uma travesti homossexual que conheceu.

Derrubar clichês foi outra de suas batalhas. “Muitas pessoas acham que as travestis estão envolvidas com drogas ou com prostituição, mas as travestis estão nos postos de saúde, dando aulas de tênis...”, enumera.

Com as fotos expostas em plena Praça da Liberdade, Lucas acredita poder ajudar no sentido de que as pessoas que por ali circulem passem a ver com mais naturalidade as que fizeram essa opção. “Uma das mulheres que fotografei, por exemplo, tem uma pensão que já chegou a ser apedrejada por acreditarem que lá era um ambiente só de sexo, imoralidade. A exposição (“Elas, Madalenas”) é simples, pequena em relação a uma causa maior que é a luta contra o preconceito e a aceitação da individualidade”, afirma ele.

“Elas, Madalenas” – Memorial Minas Gerais Vale. Até dia 29. Terça, quarta, sexta e sábado, 10h às 17h30. Quinta, das 10h às 21h30. Domingo, 10h às 15h30. Entrada gratuita. Informações: 3308- 4000

 

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