Cresce número de bandas e artistas que emprestam seu nome a uma “cerva”

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
06/12/2015 às 12:07.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:14
 ( Emanuel Milard/Divulgação )

( Emanuel Milard/Divulgação )

Música e cerveja. Poucas combinações soam tão bem aos ouvidos dos mineiros. Tanto que não faltam exemplos de artistas lançando seus próprios rótulos – caso do Skank, que recentemente apresentou ao público a “versão líquida” da banda. “Somos bons cervejeiros, tanto que fizemos uma música chamada ‘Saideira’. E lançar uma própria era ideia antiga”, revela o tecladista Henrique Portugal.

A cerveja Skank, feita em parceria com a Krug Bier, teve participação ativa dos músicos na escolha do sabor e de outros elementos. “Escolhemos também os elementos do rótulo, que traz referências da cultura pop dos anos 60 e 70”, comenta o músico, ressaltando que a bebida é um hobby, e não algo com fim mercadológico. “O que vai acontecer daqui pra frente é consequência”, pontua.

Para o sócio-proprietário da Krug Bier, Herwig Gangl, essa é uma maneira de divulgar cervejas especiais para um público maior. “A curiosidade em tomar algo relacionado à banda que se gosta leva muita gente a consumir esse tipo de cerveja”, acredita ele, que também possui o rótulo “Tianastácia”, lançado no ano passado. “Eles me procuraram e fizemos a bebida em comemoração ao nono disco da banda. Deu supercerto”, comemora.

DE PAI PARA FILHO
Com lançamento marcado para o próximo dia 11, no Studio Bar, a cerveja e o disco “Duá”, do produtor musical, instrumentista e compositor Sérgio Duá, guardam uma herança de família. Filho de músico e mestre cervejeiro, Duá, 37 anos, aprendeu com o pai a apreciar uma boa música acompanhado de uma “breja”. “Meu pai passou a vida degustando cerveja pelo mundo, pois trabalhava na Ambev. Sou um grande apreciador, e trabalho com o músico e mestre cervejeiro Giovanni Mendes. Resolvi unir tudo isso, já que a cerveja artesanal está no auge, e há muita gente fazendo a sua”, conta Duá.

Para celebrar o seu primeiro CD, ele uniu o gosto do pai pela cerveja de trigo, e o dele pela bebida escura. E Mendes ficou incumbido de desenvolver o sabor. “A ideia é promover o disco, mas se a cerveja cair no gosto do público, podemos pensar em outros destinos”, afirma Duá, que vai comercializar 100 garrafas no dia do lançamento. A garrafa da cerveja artesanal custa, em média, R$ 20.

DUÁ: cerveja é um plus para o lançamento do novo álbum do mineiro. Foto: Carlos Henrique/Hoje em Dia


Produção apenas para ‘eleitos’

Em 2008, o músico Maurício Ribeiro descobriu um amigo que fazia cerveja em casa. Depois disso, foi encontrando outros conhecidos que também produziam sua própria bebida. “Brinco que eram ‘falsos amigos’, porque não me contaram antes que dava para fazer cerveja em casa. E eu consumindo as que achava no mercado”, ri.

A partir daí, passou a dividir sua atenção entre música e cerveja e, em 2011, nasceu a Artesana, sua marca da loira, desenvolvida juntamente ao amigo e músico Edson Fernando. A fabricação é caseira, apenas para consumo próprio, mas eles já desenvolveram mais de 15 tipos de cerveja, em 50 produções.
Algumas delas foram premiadas em concursos de cervejeiros artesanais. “Produzimos pelo menos uma vez a cada dois meses. São cerca de 70 litros em cada fabricação”, conta Maurício, que utiliza técnicas de diversas escolas da cervejaria, como a belga, a inglesa e “algumas coisas das novidades que os americanos trazem para esse universo”, explica.

O músico possui um palco na sala de sua casa, onde promove saraus e encontros musicais ao longo do ano, e que ele batizou de #palcomeu. Para brindar o encontro com os amigos, ele serve exemplares da Artesana. “Sonhamos com o dia em que todas as pessoas vão produzir cerveja em casa, assim como fazem arroz e outros alimentos”, diz. “Sempre que vou em festas de amigos também levo a minha cerveja”.

Sobre os acertos e erros na hora da fabricação, ele afirma que tudo depende da atenção do cervejeiro com a receita. “A primeira vez que fizemos já chegamos a um resultado bom. E a cada dia vamos aprendendo mais. Se houver cuidado na hora de executar a receita, raramente dá errado”, ensina.

 

ARTESANA – Maurício Ribeiro e Edson Fernando produzem a própria cerveja pelo menos uma vez a cada dois meses. Foto: Wesley Rodrigues/Hoje em Dia

 

Confraria
Mas em sua casa, não é só ele quem aprecia uma boa cerveja. A esposa Camila Xavier também é uma grande entusiasta da bebida. “Sempre que está em casa quando estou fazendo cerveja, ela acompanha e ajuda”, comenta Maurício.

Camila não ficou apenas na observação. “Ela participa de uma confraria de mulheres que produzem cerveja. Já fizeram umas três produções”, revela ele.

‘A banda ajuda na divulgação da cerveja, e o contrário’

O Sul de Minas Gerais também abriga uma “banda cervejeira”. O Detaus, de Lavras, encontrou na cerveja uma forma de aproximar mais os fãs do grupo. “É bacana porque a banda ajuda na divulgação da cerveja, e o contrário também ocorre. É natural”, constata o vocalista e guitarrista da Detaus, Luiz Otavio.
A cerveja chegou ao mercado no ano passado, juntamente com o primeiro disco do grupo, intitulado “Nunca é Tarde”. “Nosso guitarrista é engenheiro de alimentos e produz cerveja artesanal. Isso foi o gatilho para criarmos uma com a marca da banda”, conta Luiz, que se orgulha do feito. “A Detaus foi premiada esse ano em Blumenau. Ficou em segundo lugar”, enfatiza.

Todos os integrantes deram seus pitacos na receita. “Nos reunimos para degustar alguns tipos e decidir como seria a nossa. Mas quem bateu o martelo na receita foi nosso guitarrista, Leonardo Mesquita”, revela.

Eles gostaram tanto da ideia que agora querem produzir outro tipo de cerveja para acompanhar o próximo disco, que será lançado em 2016. “Nosso planejamento é sempre lançar um disco junto a uma cerveja”, garante.

DETAUS – A banda de Lavras lançou uma cerveja artesanal com seu primeiro CD, e já pensa em nova dobradinha para 2016. Foto: Divulgação

Festival Projeto Rec
A dobradinha música e cerveja artesanal dá o tom do Festival Projeto REC, que acontece neste domingo (6) n’A Autêntica. Serão seis bandas se revezando no palco: Preto Massa, Daparte, Sofranz, Daniel Lima, Mordomo e Tempo Plástico.

E no bar serão comercializadas cervejas produzidas em solo mineiro. As cervejarias serão representadas pelas marcas Grimor, Taberna do Vale, Vinil e Jambreiro.

SERVIÇO

Festival Projeto REC – Neste domingo (6), a partir das 15h, n’A Autêntica (rua Alagoas, 1.172, Savassi). Gratuito. Retirada de ingressos no site sympla.com.br.

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