(QU4RTO STUDIO/DIVULGAÇÃO)
Para quem acabou de assistir ao curta-metragem de terror “AzulScuro”, a primeira questão dos diretores mineiros Evandro Caixeta João Gilberto Lara é saber se a experiência foi realizada num aparelho de celular, na contramão de cineastas que preferem que suas obras sejam vistas em telas maiores.
“Ver no celular é outra coisa, muito mais imersivo. Pedimos às pessoas para que vejam na vertical porque é algo que nunca vimos. A gente entende que o terror sempre flerta com o experimentalismo. No caso de ‘AzulScuro’, o espectador se conecta com uma história que está na palma da mão”, justifica Lara.
A ligação se dá principalmente com a protagonista que está contando a história, com o público acompanhando a navegação dela no aparelho. “A diferença é que não usando apenas a câmera dele, mas sim como linguagem, valendo-se de seus recursos e aplicativos, como whatsapp e instagram”, reforça Caixeta.
Entre as referências da dupla estão as chamadas produções “found footage”, que buscam reproduzir filmagens caseiras para criar uma sensação de maior realismo. Exemplos desse sub-gênero são “A Bruxa de Blair” (1999), “REC” (2007) e “Atividade Paranormal” (2007).
“Quando resolvemos entrar no cinema, após dez anos de produtora, pesquisamos muito e chegamos à conclusão que faríamos terror, que amamos. O gênero pode ser feito com baixo orçamento e qualidade, como ‘A Bruxa de Blair’, que impactou mundialmente”, salienta Caixeta.
Eles refinaram ainda mais essa escolha, fazendo com a narrativa transcorresse completamente na tela de um celular, inspirando-se nos projetos do realizador cazaquistanês Timur Bekmambtov, que, no lugar de câmeras tradicionais, recorre ao ponto de vista de webcams e celulares.
“Imaginamos que o celular seria um meio muito bom para promover essa interação, principalmente no Brasil, onde a gente fica muito mais tempo no celular do que no computador. Temos muita familiaridade com o aparelho”, explica Lara. Os diretores desconhecem outros filmes de terror feitos inteiramente com câmera de celular.
A história de uma garota (Larissa Bocchino) que, ao chegar em casa, no dia em que se completa um ano da morte da irmã, começa a receber mensagens misteriosas conquistou as plateias de festivais. “AzulScuro” ganhou o prêmio de melhor filme do júri popular do Fantaspoa, em Porto Alegre.
No Canadá, além da seleção para o Fantasia Festival, foram brindados com a inclusão do curta na mesma sessão de “#Baleia Azul”, produzido por Bekmambetov. “Não imaginávamos isso nem nos nossos melhores sonhos. É a mesma sensação que um jovem ator deve ter ao contracenar com Fernanda Montenegro”, compara Lara.
Além de continuar a investir no terror, a dupla não abre mão da linguagem do celular nos próximos filmes. “A gente acredita muito no poder do gênero fantástico. Temos o plano de lançar mais três, todos eles transitando entre o terror, o suspense e a ficção científica”, adianta Lara.
Leia Mais:
Savassi Fashion Web celebra o bairro mais charmoso de Belo Horizonte
Filme com Chico Diaz retrata a precarização do trabalho no Brasil