De volta ao ‘front’: Fred fala da parceria com Cris, inspirações, sonhos, sertanejo e rock‘n'roll

Thiago Prata
@ThiagoPrata7
27/05/2020 às 17:44.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:36
 (Pri Oliveira/Divulgação)

(Pri Oliveira/Divulgação)

Em âmbito profissional, Fred & Cris acabam de dar fim a um hiato de 12 anos. O retorno da dupla sertanejo se consolidou por meio de lives, como a desta quinta-feira, às 20h, que conta com o apoio do jornal Hoje em Dia. Nesta entrevista, Fred disseca a história dessa parceria, os próximos passos e a paixão que nutre pela música.

Nos dê um panorama geral deste retorno e da live.
Estou muito feliz com essa parceria com o jornal Hoje em Dia. É muito bacana associar a dupla a um nome que tenha tanta credibilidade. A Covid-19 fez o mercado parar. Momento louco na economia. Eu falava com meu irmão para fazermos uma mini live, e o Rubens, um amigo meu que filmou meu casamento, nos ajudou. Fizemos uma live super modesta, e o Serginho Saraiva, sanfoneiro, participou. E foi uma surpresa muito legal, teve um engajamento muito grande. Conseguimos arrecadar mais de R$ 26 mil para a Fraternidade Sem Fronteiras. Agora estamos montando uma segunda live. Quero convidar todo mundo para assistir. O Serginho também vai estar presente. Estaremos respeitando todas as regras e normas de distanciamento e higienização. Desta vez estaremos apoiando a MPS Minas Gerais, instituição que trata de doenças raras.

Falando da história de vocês, como surgiu essa parceria de irmãos e por que vocês optaram por parar as atividades na música em 2008?
Nasci em BH em 1976 e, com um ano de idade, fui morar em Brasília, porque meu pai se tornou representante comercial de laboratório lá. Meu irmão nasceu em Brasília, em 1980. E por frequentarmos muito a região de Goiânia e Brasília, muitos clientes do meu pai eram amigos da turma de sertanejo, isso por volta de 1982. A partir dali, conhecemos o Zezé di Camargo e tantos outros. Meu pai sempre gostou muito de música, e fomos influenciados a tocar instrumento. Em 1992, meu irmão e eu iniciamos profissionalmente a carreira. Tocávamos em bares e rodamos muito por Minas Gerais até 1996, pois participávamos do programa Paradão Sertanejo, e, por meio dele, tocávamos toda sexta-feira numa cidade. Em 1996, fomos para São Paulo gravar o primeiro disco. O Zezé tinha nos indicado como produtor o Felipe, da dupla Felipe & Falcão. Depois, o Zezé me convidou para integrar a banda dele, como backing vocal, e depois meu irmão foi fazer backing para a Wanessa. Um período em que aprendi muito, só tocava com músico fera, e isso me trouxe muita experiência e credibilidade. Aí em 2008, passamos a nos dedicar ao nosso maior projeto: nossas famílias. Sou casado há 16 anos, estou com minha mulher há 21 anos e tenho dois filhos. Meu irmão está com a mulher dele há 20 anos e tem um filho.

E como foi esse período na banda do Zezé di Camargo?
Não tenho nem palavras para descrever o Zezé. É um artista incrível, um ser humano adorável. Não há palavras suficientes para falar dele e do Luciano, que também é um cara sensacional. O Zezé é muito acima da curva. Me perguntaram um dia se ele está com dificuldade de cantar. Cara, em 2002, o Ronaldo Fenômeno não tinha um joelho praticamente, chegou para a Copa muito abaixo da capacidade dele, havia feito cirurgias e tal. E ganhou a Copa. Não tem nem o que dizer de um cara desses. E o Zezé é igual. É genial, dispensa qualquer comentário.

Quando as coisas se normalizarem, como serão os projetos da dupla Fred & Cris? Melhor dizendo, há planos para continuar com a parceria?
Há sim. O plano agora é este. Em 2022, faremos 30 anos de história. Estamos montando um plano para conciliar a vida pessoal e a musical, com os parceiros certos. Estamos colocando isso no papel, de montar um plano e executá-lo. Queremos fazer a gravação de um DVD, com amigos da música, como o Zezé, o Daniel, o Leonardo, Lucas & Felipe e a Wanessa.Pri Oliveira/Divulgação

Como é a convivência com o Cris e essa parceria em termos musicais? Você é o mais velho, então acredito que tenha dado algumas dicas para ele no início, certo?
No início fiz muito isso, sabe. Mas logo depois, ele voou; é um músico incrível, de um talento absurdo. A coisa do aluno que supera e muito o professor (risos). Ele é muito musical. Por um lado, tenho uma coisa maior de empreendedor, mas musicalmente ele tem uma mega capacidade, afinação, bom gosto musical... No início, sim, contribuí muito para a formação musical dele. Até porque eu vinha de uma geração em que me pai ouvia muito Roberto Carlos e principalmente Beatles, que se tornou minha banda número 1. E depois dos Beatles, eu sempre achei os trabalhos do Paul McCartney e do George Harrison uma coisa surreal. A partir daí, ouvia muito de tudo, rock nacional das décadas de 80 e 90, como Legião, Capital, Barão, Engenheiros, Lulu Santos... Ficava atento também  a Milionário & José Rico, que faziam coisas maravilhosas. Ouvia e ouço de tudo, Gilberto Gil, Djavan...

Você possui um gosto musical bem amplo. Mas dentro desse caldeirão, qual seria sua maior fonte de inspiração na hora de cantar?
Diretamente, dentro do meu estilo, Leandro & Leonardo, Zezé di Camargo & Luciano e João Paulo e Daniel. Através deles conheci a galera de antes, casos do Chitãozinho & Xororó e Milionário & José Rico. Então acho que essas cinco duplas me influenciaram diretamente. Gosto de ouvir grandes cantores, como eles, e também outros que não são influência direta, mas que, de alguma forma, acabo absorvendo. Adoro Freddie Mercury, que cantava um absurdo, o David Coverdale, do Whitesnake e que foi do Deep Purple. Gosto muito de roqueiros como eles e o Robert Plant.

Você é especialista em sertanejo, obviamente, mas pelo que está me contando também gosta muito de rock. Já se imaginou fazendo um projeto paralelo de rock ou outro estilo musical?
Sem dúvida. Na verdade, tivemos um trabalho eu, o Cris e nossa irmã do meio, a Paola, nascida em 1978. Formamos um trio por volta de 1999 ou 2000, em que tocávamos e cantávamos encomendas da década de 60, coisas da Jovem Guarda, com uma roupagem diferente. Chegamos a gravar algumas coisas, mas não foi para frente. Para você ver como eu amo música, sempre passa pela minha cabeça fazer projetos diferentes. Nos shows com o Cris fazíamos algumas coisas de rock e pop nacional, era muito divertido, a galera gostava muito.

Quais foram os sonhos realizados pela dupla e quais estão por vir?
Um sonho realizado foi gravar um trabalho totalmente autoral, um disco de dez músicas em 2009. E um sonho que não realizamos ainda é o de gravar um trabalho nosso com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, com músicas nossas e de artistas como Beatles e Márcio Greyck, por exemplo. Gostaria de realizar este sonho.

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