Dia do Choro, gênero que arrebata fãs de todas as idades

Thais Oliveira - Hoje em Dia
23/04/2015 às 07:36.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:44
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Ele teria despontado em meados do século 19, mas atravessa o tempo encantando não só brasileiros como... franceses! Prova viva de que o choro segue em alta está na dupla Aurélie e Verioca, que volta a BH para lançar o disco “Pas à Pas”, no qual cantam na língua pátria e em português, passeando também pelo samba, baião e bossa nova.   O retorno das duas ao Brasil não foi aleatório: 23 de abril, data do aniversário do mestre Pixinguinha (1897 _ 1973), comemora-se o Dia Nacional do Choro. Na verdade, a primeira parada das moças será na Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza – no sábado, participam do “Sesc Chorinho e Samba na Praça”, a partir das 19h. O evento vai contar, ainda, com shows dos grupos Época de Ouro, Quatro a Zero e Flor de Abacate, além de participações de Hamilton de Holanda e Toninho Ferragutti.   “O choro é um gênero muito rico, tem o desenho das melodias sutil e harmonias rebuscadas. E, por ter uma linguagem específica, permite, ao músico, criar um ambiente único de comunicação, liberdade, alegria e respeito. Vira, assim, uma coisa prazerosa para quem toca e também para quem assiste a uma roda ou a um show”, diz Aurélie.   O choro é o ritmo que conduz a música-título do trabalha das duas, que conta com a participação do Flor de Abacate. “Eles toparam, com alegria e inspiração, fazer parte dessa aventura”, brindam elas.   Esta quinta-feira , dia do “aniversário”, quem gosta do gênero pode aproveitar o “Choro Itinerante”, do Clube do Choro de BH: às 20h, no Teatro Sesi Contagem (Via Sócrates Marianni Bittencourt, 750, Cinco). Na ocasião, o comunicador Acir Antão interpreta canções de Pixinguinha. Já o grupo Sarau Brasileiro mostra clássicos, de autores consagrados e compositores mineiros, além de próprias. A entrada é franca.   ‘A pegada do mineiro é bem diferente’, assegura músico   Apontado como o “primeiro gênero brasileiro de música urbana”, o choro deixou – e há tempos – de atrair só o público de uma faixa etária específica. “Temos a ‘velha guarda’, bem atuante, e muita gente nova”, afirma a pianista Luísa Mitre, 25, do elogiado grupo Toca de Tatu, cujos membros – além da moça, Abel Borges (percussão), Lucas Ladeia (cavaquinho) e Lucas Telles (violão 7 cordas), todos entre 25 e 30 anos – se conheceram nas salas e corredores da Escola de Música da UFMG.   Com quatro anos de estrada, o Toca de Tatu já se apresentou Brasil afora, fez turnê na Europa e lançou o disco “Meu Amigo Radamés”, em homenagem a Radamés Gnattali. “Claro que tivemos influência de outros nomes consagrados, como Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Jacob do Bandolim... Mas a escolha por Gnattali se deu por ele ter elevado o choro a um patamar mais complexo e criativo – além de ter sido um dos nossos maiores – se não o maior – arranjadores”, afirma Luísa, que, ao lado de seus companheiros, celebra o Dia do Choro nesta sexta-feira (24), a partir das 20h, n’O Muringueiro (rua Juacema, 416, Bairro da Graça).   Tradição   Falecido há quase 35 anos, o carioca Waldir de Azevedo (1923 – 1980) segue tendo suas composições ecoando em gente como Ausier Vinícius, 53. “Frequentei serestas desde novo, conheci o choro ainda criança. Mas foi aos 15, quando ouvi pela primeira vez Azevedo, que adotei o estilo”, conta.   Ausier garante, porém, que a mineiridade é o tempero-mor de seu trabalhos. “Altamiro Carrilho chegou a identificar 36 ritmos de choro, o que dá uma noção do tamanho de sua riqueza. Então, acho que a maneira de tocar, a pegada do mineiro é bem diferente”, reforça. O fascínio acabou impulsionando Ausier a criar, na rua Belmiro Braga, 774, Alto Caiçara, o Pedacinho do Céu, espaço cultural que, em maio, faz 18 anos. “Não posso adiantar detalhes, mas vem coisa boa (e choro) por aí”.   Grupo de choco da FCS   A fim de retomar as atividades do Grupo de Choro da Fundação Clóvis Salgado, encerradas há dois anos, ex-integrantes, como André Milagres, têm feito reuniões junto à Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa. O músico defende que o custo gerado pelo projeto era baixo.   Na última reunião, um comunicado enviado à imprensa falava da decisão de parlamentares visitarem o presidente da fundação, Augusto Nunes-Filho, para discutir essa e outras questões. A assessoria de imprensa da FCS disse, nessa quarta-feira (22), que ainda não recebeu solicitação neste sentido.
Aurélie e Verioca, em “Pas à pas":       Toca de Tatu, em "Meu amigo Radamés":

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