Diane Keaton e Morgan Freeman estrelam 'Ruth & Alex’ e mostram arte de ser feliz depois da velhice

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
15/02/2016 às 09:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:25
 (Paramount)

(Paramount)

O nome do cachorrinho do casal septuagenário, protagonista de “Ruth & Alex”, não é Dorothy por acaso. A referência ao filme “O Mágico de Oz” está na tentativa de retornar para “casa”, num conceito mais amplo do que o aspecto físico. Nesse filme, que reúne Morgan Freeman e Diane Keaton, lançado em DVD pela Paramount, a ideia de casa está relacionada à nostalgia de uma época ainda não dominada por ansiedade, estresse, individualismo e falta de respeito.
 
Essas questões entram na trama no momento em que Ruth e Alex resolvem deixar o outrora tranquilo Brooklyn, em Nova York, e passam a receber uma curiosa e indesejável “fauna” em seu apartamento, posto à venda enquanto ainda moram no local.
 
A rotina é transformada por pessoas que não medem palavras e ações ao se oporem a tudo o que eles representam – uma vida pacata, sem ambições, mais calcada no cuidado com o outro e na liberdade para expressar a sua arte.

Os primeiros visitantes não só chamam de “tralha” as pinturas de Alex, como também não pensam duas vezes em destruir o que está lá dentro, passando por cima da história do lugar, do valor mais afetivo do que monetário ou estético.
 
É disso que o filme dirigido por Richard Loncraine trata. O roteiro contrapõe a paciência do casal à celeridade da corretora de imóveis; a sensibilidade ao imediatismo do marchand, que prefere agradar o gosto dos compradores a investir no olhar do artista.
 
Terrorismo
 
Permeando tudo isso está um suposto ataque terrorista que transcorre na ponte do Brooklyn. A mídia condena sem provas, dando contornos exagerados ao fiapo de informação que têm, bem de acordo com os tempos de histeria coletiva de hoje.
 
O que “Ruth & Alex” quer mostrar é que a sociedade americana perdeu a vontade de admirar, sentir e se extasiar com coisas simples, como a visão de um parquinho num final de tarde, sequência reiterada na narrativa.
 
Assim, o conceito de “casa” não envolve o que vem de fora para dentro, a interferir no cotidiano, mas também o que sai dela. Essa mensagem, porém, se perde com a mão pesada do diretor para trabalhar com o tom agridoce, escorregando para o caricatural.
 
Loncraine teve resultados melhores na comédia romântica “Winbledon: o Jogo do Amor”, cuja história transcorre na Inglaterra, em que pode trabalhar com o humor britânico, mais ácido, a partir do universo do tênis profissional.

Loncraine não é um Woody Allen para evidenciar seu amor à Big Apple, em especial o Brooklyn, e muito menos nos faz envolver com os dilemas do casal, que vão se tornando aborrecidos e repetitivos à medida que a trama avança.

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