Dira Paes é 'cria do cinema brasileiro'

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
01/09/2017 às 18:30.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:22
 (DIEGO VARA/PRESSPHOTO/DIVULGAÇÃO)

(DIEGO VARA/PRESSPHOTO/DIVULGAÇÃO)

Foi como se uma ficha tivesse caído. Com o troféu Oscarito, recebido no último Festival de Gramado, há pouco mais de uma semana, a atriz Dira Paes viu “que realmente o tempo passou”, analisando uma trajetória iniciada em 1984, quando foi selecionada pelo diretor inglês John Boorman para viver a índia Kachiri em “A Floresta das Esmeraldas”, filmado na floresta amazônica.

“Comecei cedo no cinema. Foi ele que formou minha personalidade, que me formou como cidadã. Fui criada pelo cinema brasileiro. Posso dizer que eu sou o cinema brasileiro”, afirma a paraense de 48 anos, que estará em cartaz nas salas de exibição, a partir desta quinta-feira, com a animação “Lino: O Filme”, em que dubla um dos personagens do longa-metragem de Rafael Ribas.

Receber um prêmio num festival tão tradicional quanto Gramado faz Dira se sentir honrada e tímida. “Estava na plateia do Palácio dos Festivais quando Grande Otelo ganhou esse mesmo prêmio. Lembro bem da sensação de acompanhar aquele momento. Não poderia pensar que estaria lá também. O elenco que compõe os honrados pelo prêmio é formado por notáveis que fazem eu me sentir tímida diante da grandeza do que representam para mim”.

Atriz em filmes tão diversos como “Anahy de las Missiones”, “Baixio das Bestas” e “Órfãos do Eldorado”, Dira afirma que “o cinema me levou para o mundo e fez com que eu conhecesse e compreendesse um Brasil gigante e plural”. Ela prevê uma nova etapa após virar mãe, na expectativa de se “transferir para uma nova máscara”. Mas não nega que a menina de “A Floresta das Esmeraldas” ainda a impregna.

“Eu fui pescada pelo Boorman, e o filme me ajudou a definir o que eu queria para mim. Quando ele veio para um festival no Amazonas, eu fui agradecê-lo e fiquei paralisada quando me disse: ‘Eu não descobri você. Eu reconheci você, reconheci por sua expressividade’. Se tivesse que fazer tudo de novo, faria igualzinho”, recorda.

Terra sem lei
A presença de Dira em Gramado coincidiu com o dia em que os cineastas repercutiam a decisão do governo federal de não prorrogar a Lei do Audiovisual, principal estímulo ao cinema brasileiro. “Eu peço, em nome da classe artística, do audiovisual brasileiro, que tanto o ministro da Cultura quanto o presidente da República possam pensar e discutir políticas audiovisuais com os profissionais do audiovisual brasileiro. Nós sabemos o que é bom para o cinema do país”.

Para Dira, é lamentável que o governo aja sem pensar na valorização alcançada pelo audiovisual a partir da lei. “É uma sanção à cultura brasileira, uma tentativa de calar a nossa voz. Não podemos admitir que uma medida punitiva como essa aconteça”, assinala a atriz, ressaltando os prêmios conquistados por vários filmes brasileiros.

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