Diretor Cacá Diegues enfrenta desafio e faz filme sobre esportista

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
26/08/2013 às 09:26.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:19

"Já pensou encenar um drible de Garrincha?", indaga o diretor Cacá Diegues ao explicar as razões para o futebol e outras modalidades esportivas não servirem de combustível para seus filmes de ficção, voltados mais para as questões social e histórica do país.

O cineasta alagoano admite que é difícil fazer um filme de ficção sobre esportes. Mas, no formato documental, ele aceitou o desafio de narrar a saga do cavaleiro Rodrigo Pessoa e seu animal Baloubet du Rouet nos Jogos Olímpicos de 2000, em Sydney.

O curta "No Meio do Caminho Tinha um Obstáculo", sobre o inesquecível refugo de Baloubet que tirou a esperança de medalha de ouro para o Brasil, faz parte do Projeto Memória do Esporte Olímpico, que será apresentado na Mostra Internacional de São Paulo, em outubro.

Decepção

Diretores como Ricardo Dias, Cavi Borges e Laís Bodanzky registram histórias de sucesso de nossos atletas olímpicos, mas Diegues optou por uma das maiores decepções da participação brasileira nos Jogos, que virou símbolo da incapacidade do país em vencer.

"Os perdedores dão melhores filmes que os vencedores. São mais humanos e a gente se identifica e se solidariza mais. E, naquele caso, o perdedor era também um vencedor", justifica o realizador, lembrando que o conjunto ganhou a medalha de ouro quatro anos depois.

Diegues transforma Baloubet num personagem tão importante quanto Rodrigo. No lugar de um simples animal que obedece aos comandos de seu dono, ele é mostrado como um ser sujeito a emoções, medos e pressões.

"Sou apenas um torcedor, não entendo da técnica do hipismo. Mas o que me contaminou para essa visão de Baloubet foi a entrevista com Rodrigo, a tarde que passamos com ele em Bruxelas. Ele falava de Baloubet como se fosse um amigo ou mesmo um irmão", destaca.

Filmagem em Minas

Dirigido a seis mãos, ao lado de sua esposa Renata e da filha Flora, o filme incute, em contraponto à tragédia, muito humor – principalmente na narração e vinhetas, que nos remetem a "Ilha das Flores" (1992), considerado um dos melhores curtas da história do país.

"A homenagem a 'Ilha das Flores' é voluntária. Pensamos no filme quando resolvemos fazer o desenho animado sobre a história de Baloubet", admite Diegues, que agora prepara o início das filmagens de "O Grande Circo Místico", baseado num poema do livro "A Túnica Inconsútil", de Jorge de Lima. "Será parcialmente filmado em Minas Gerais", adianta.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por