Diretor mineiro assume forte discurso LGBT no curta “Copyleft”

Paulo Henrique Silva
19/09/2015 às 18:53.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:48
 (DIVULGAÇÃO)

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Os aplausos foram efusivos, tanto antes como depois da exibição. Na noite de sexta, o diretor mineiro Rodrigo Carneiro subiu ao palco do Cine Brasília, sede do 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, com um discurso forte contra o que ele define como padrões heteronormativos, presente também no curta-metragem “Copyleft”.

Com a mesma camisa estampada com rostos de pessoas que sofreram violência por sua opção sexual usada na noite anterior, Rodrigo explicou, na manhã deste sábado, durante o tradicional debate com a imprensa, a origem do seu filme, bem como dessa ênfase em lutar a favor do “rompimento dos binarismos”, que fazem do comportamento heterossexual como o certo.

“O objetivo do nosso filme é abrir espaços para discutir essa temática, questionando as pessoas sobre certos tipos de comportamento que estão arraigados na sociedade mostrando o quanto de opressão e machismo movem essas atitudes”, destaca Rodrigo, que, curiosamente, não se define como diretor. “Trabalho com intuição, fingindo ser o diretor para que o protagonista fizesse o que eu queria dele”.

O ator principal é André Nakau, artista performático que também faz sua estreia no cinema, sobre um jovem em conflito com sua identidade sexual, preferindo tomar remédios para ser “macho” a assumir a sua homossexualidade. A narrativa não é convencional, nos fazendo lembrar os filmes experimentais produzidos nos Estados Unidos durante a década de 70.

“Gosto de romper, quebrar. Por isso preferi uma narrativa não linear, usando várias imagens diferentes. Uso, por exemplo, a da explosão atômica em Hiroshima, quando o Japão já tinha sido vencido (pelos Aliados, na Segunda Guerra Mundial), pois aquilo foi a maior ereção heteronormativa do século passado, em que os americanos decidiram quais vidas deveriam ser poupadas ou descartadas”, observa.

Para provocar e sensibilizar os espectadores com o que ele chama de “polissemia”, Rodrigo partiu de sua história, como um garoto de 9 anos numa cidade do interior mineiro que não via outra perspectiva a não ser trabalhar como boiadeiro. Fui para o quarto e escrevi uma quarta sobre o fato de que as pessoas que eu mais amava não acreditarem em meus sonhos”, lembra.

(*) O repórter viajou a convite da organização do Festival de Brasília 

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