Do samba do Recôncavo ao pagodinho de Xerém; Zeca e Bethânia juntos em CD e DVD

Lucas Buzatti
31/12/2018 às 07:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:48
 (Daryan Dornelles/Divulgação)

(Daryan Dornelles/Divulgação)

"Porque o samba nasceu lá na Bahia/E se hoje ele é branco na poesia/Se hoje ele é branco na poesia/Ele é negro demais no coração”. A constatação de Vinicius de Moraes em “Samba da Bênção” diz muito das raízes e extensões do samba, gênero musical brasileiro mais conhecido do mundo. 

Prova da capilaridade do ziriguidum é a junção entre Maria Bethânia e Zeca Pagodinho, registrada em “De Santo Amaro a Xerém”, CD e DVD (Biscoito Fino). De um lado, uma das mais importantes cantoras e compositoras do país, criada no samba-de-roda do Recôncavo Baiano; de outro, um dos grandes responsáveis pela popularização do samba e do pagode no Rio de Janeiro desde os anos 80. 

A ideia surgiu de um primeiro encontro na gravação do “Quintal do Pagodinho”, CD e DVD de 2016. Na ocasião, Zeca e Bethânia cantaram juntos “Sonho Meu”, de Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho. A chama de uma futura parceria foi acesa e o projeto veio a se consolidar no início deste ano, com um espetáculo que rodou algumas capitais do país. 

No DVD, é possível perceber o entrosamento entre Zeca e Bethânia, principalmente nas faixas em que cantam juntos – como a inédita “Amaro Xerém”, composta por Caetano Veloso especialmente para a ocasião, e “Chão das Estrelas”, seresta de Silvio Caldas e Orestes Barbosa.

Os shows, que ganharam o registro em áudio e vídeo, aconteceram em 18 e 19 de maio, para uma plateia lotada no Citibank Hall, em São Paulo

De cada um

Os momentos solos também são impagáveis. “Agora sim chegou o Zeca Pagodinho”, brinca o carioca à vontade em seu repertório, que inclui “Verdade”, “Eu Sou o Samba” e “Saudade Louca”. Depois, a dupla volta a se encontrar em “Ogum” e “Oração de São Jorge”, abrindo caminho para a vez de Bethânia. A baiana, então, visceralmente canta músicas como “Reconvexo”, “Marginália II” e “Gente Humilde”. 

No show, os artistas ainda se revezam em homenagem a suas escolas de samba do coração – a Portela de Zeca e a Mangueira de Bethânia. O passeio pelo samba, da Bahia ao Rio, termina com “Deixa a Vida Me Levar” e “O que é, o que é”. Ao fim, fica a pergunta: “por que o encontro seminal ainda não havia ocorrido?”. Vai saber. O importante é que aconteceu. 

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