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SÃO PAULO – “É uma referência para todos nós”. Só essa frase já justifica um documentário sobre Betinho, sociólogo mineiro que liderou, nas décadas de 80 e 90, principalmente, campanhas importantes envolvendo (já naquela época) inclusão digital e erradicação da fome.
Mas, após proferir essa frase, o diretor moçambicano Victor Lopes, radicado no Brasil, emenda com outra, essa relacionada com o país de hoje, ressaltando a possibilidade de “Betinho – A Esperança Equilibrista” criar um “diálogo com a história que estamos vivendo”.
Pouco antes de ganhar lançamento nos cinemas, nesta quinta-feira (29) (nesta quarta-feira 29, há uma pré-estreia, às 21h20, no Belas Artes), o filme entrou na programação da 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, atraindo diversos movimentos e organizações para discutir a questão social.
“Tem uma carta muita bonita do Betinho, que não está no filme, na qual ele afirma que a luz não está no fim do túnel. A luz somos nós”, destaca Victor. O longa tem, em Betinho, um exemplo de resistência, tendo nascido já hemofílico, em Bocaiuva.
Irmão do cartunista Henfil e do músico Chico Mário, todos hemofílicos, Betinho “sempre esteve na risca”. Sobreviveu à hemofilia, à tuberculose contraída aos 15 anos e à clandestinidade política. Por fim, conviveu com a Aids, transmitida por transfusão de sangue.
Aglutinador
Todos os feitos de Betinho, como disponibilizar o primeiro servidor público de internet na América Latina e lançar a campanha Ação da Cidadania, que ajudou “a tirar 27 milhões de brasileiros da linha de miséria”, só se tornaram possíveis devido ao seu perfil de aglutinador.
“As pessoas falam das imagens com Lula, José Dirceu nas cenas do enterro... Ele conseguia reunir posições contraditórias em torno. Aliás, nessa imagem no cemitério, temos a única vez em que Frei Betto e Leonardo Boff aparecem juntos e paramentados”, diz.
(*) O repórter Viajou a convite da organização da Mostra de São Paulo.