Documentário esquadrinha vida da sueca, que fez clássicos como “Casablanca”

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
24/12/2015 às 08:31.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:27
 (Zeta Filmes / Divulgação )

(Zeta Filmes / Divulgação )

“O que o Ano Novo trará?”, indaga Ingrid Bergman em seu diário, após um 1929 de grandes perdas familiares e afetivas. A essa pergunta, o documentário “Eu Sou Ingrid Bergman”, que estreia nesta quinta (24) no Belas Artes, responde com imagens dos principais filmes da atriz sueca.

Essas duas questões – a aflição pessoal e o cinema – estão intimamente ligadas à trajetória de Ingrid, que, por várias vezes, durante a narrativa, tem acentuada a sua vocação para “pássaro migratório”, manifestada “desde pequena, (quando) desejava algo novo e diferente”.

O documentário deixa claro que os filmes se tornaram o alimento de Ingrid, talvez o único elemento constante em sua vida. Em outro momento crucial, quando vive numa enorme casa ao lado do marido e da filha, ela reclama que, apesar de ter o cuidar, não se sente totalmente viva.

Reclama, na carta dirigida a uma amiga, da demora (quatro meses) de um novo projeto para cinema, fazendo dessa arte a sua força-motriz, levando-a constantemente a se mudar. “Já vi tantas coisas, mas não são suficientes”.

Responsáveis por abrirem o arquivo pessoal da atriz, os quatro filhos desse caráter nômade, que os obrigava a “correr atrás dela”, sem nunca se acomodar num lugar. Era uma feminista sem saber, não admitindo que lhe impusessem os códigos de comportamento.

Por isso, após virar celebridade em Hollywood com fitas como “Casablanca” e “O Médico e o Monstro”, ela se viu em meio a um escândalo, quando deixou marido e filha nos Estados Unidos para viver ao lado do diretor de Roberto Rossellini na Itália.
 
INQUIETA E LIVRE

 
O filme de Stig Björkman refaz essa carreira cheia de sobressaltos buscando desvendar o que estava por trás dessa mulher inquieta e livre, mas sem deixar de mostrar as limitações dela. Ao buscar um novo desafio na Itália, ela não se enquadrou no modelo de produção, que exigia improvisação.

De alguma forma, o cinema lhe proporcionava uma certa organização, ancorando-se num texto pronto, com início, meio e fim bem definidos, que não existia em sua vida particular. É como se, ao vivenciar uma certa liberdade nos filmes, eles colocassem um incômodo espelho diante dela.espelho diante dela.

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