(Universal/Divulgação)
Após 12 anos na pele do Homem de Ferro, participando de nove filmes como o super-herói da Marvel, o ator Robert Downey Jr. já tem uma expertise para dividir a cena com fundos verdes onde serão acrescidos, na edição, os personagens feitos em computação gráfica. Principal estreia desta quinta-feira (20) nos cinemas, “Dolittle” é uma prova disso.
Em meio a vários animais falantes que coprotagonizam o filme, Downey Jr. consegue fazer um trabalho convincente, embora um pouco repetitivo em relação aos seus últimos papéis: o homem muito inteligente e egoísta que tem dificuldades em conviver com outras pessoas – personalidade de Tony Stark (“Homem de Ferro”) e Sherlock Holmes.
No caso de “Dolittle”, essa aversão é até certo ponto justificável, como forma de autopunição, depois de perder a esposa, o médico resolveu se trancar em sua propriedade, onde tem a companhia dos vários animais que salvou. Essas questões de como lidar com a própria mente é uma das tônicas do roteiro.
Além de Dolittle ter que sair de casa, contra a sua vontade, para poder ajudar a rainha da Inglaterra, numa missão marítima a la “Piratas do Caribe”, vemos vários bichos sofrendo com problemas psicológicos, como um gorila (medo constante), um avestruz (solidão) e um dragão (a perda de alguém próximo).
Ao caracterizar os personagens animais não por suas características naturais, mas pelo que trazem como questões psicológicas, a opção reforça uma das mensagens do filme: ao promover um bem para os outros, independentemente de quem sejam, estará fazendo algo positivo para você também.
Aproximação
É impossível não realizar uma leitura política em tempos de intolerância: o médico busca se aproximar da linguagem (cultura) de todos os bichos que encontra pelo caminho. E não o contrário. Apesar de, nas primeiras cenas, os animais se mostrarem como empregados do humano, eles são respeitados em suas escolhas.
Também vale ressaltar uma das filosofias de Dolittle, que está mais para psicólogo do que veterinário, ao defender que, para tudo, há uma solução. Ainda que esta tranquilidade custe a falta de maior carga dramática em algumas sequências.