Drica Moraes e Mariana Lima discutem encontros e desencontros no espetáculo "A Primeira Vista"

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
08/08/2013 às 07:57.
Atualizado em 20/11/2021 às 20:47

Quando subiu ao palco em Lisboa, dentro da programação do "Ano do Brasil em Portugal", Drica Moraes percebeu que parte do público que foi assistir ao espetáculo "A Primeira Vista" esperava se deparar com uma comédia rasgada. O que não corresponde à realidade. "Está mais para uma comédia beckettiniana, britânica. Mas foi bonito ver o olhar da plateia caminhando com a gente, entrando na nossa", diz a atriz, que chega agora a Belo Horizonte com a peça na qual divide a cena com Mariana Lima, sob a direção do marido desta, Enrique Diaz – que retorna, assim, ao manancial criativo do autor canadense Daniel MacIvor, de quem já havia adaptado, com êxito, "In on It".

Mariana e Enrique são amigos de sempre de Drica – com Diaz, por exemplo, a atriz fundou a Cia dos Atores, há mais de 20 anos. Ostentando credenciais como a iluminação assinada por Maneco Quinderé, "A Primeira Vista" estreou em março do ano passado, no Teatro Poeira, no Rio, e, desde então, já foi visto por mais de 25 mil pessoas. Um contingente que, à maneira dos lusitanos, também foi cooptado pelo convite à reflexão através de um texto que esquiva-se de maneirismos herméticos.

"Acho que o talento (do texto) já foi testado. Desde o (teatro) Poeira, passamos por pequenos e grandes espaços, e o que a gente viu é que o espetáculo encanta sempre, seja pelo riso, seja pela perplexidade... O público fica ligado. O texto fala de amor, amizade, tempo, vida, morte... Um monte de temas que são universais, então, o reconhecimento é imediato. A gente escuta coisas lindas, pela identificação que provoca".

Em cena, estão duas amigas – embora as situações irradiadas possam ser facilmente aplicadas a outros relacionamentos afetivos – como o firmado entre pai e filho, homem e mulher etc.

Frustrações

No passado, as personagens tiveram uma malsucedida banda, gancho que levou as atrizes a contar com o auxílio luxuoso dos músicos Fabiano Krieger e Lucas Marcier (banda Brasov) – também responsáveis pela trilha sonora – para uma preparação intensiva. E se aplicaram – Drica na guitarra, Mariana no baixo, e ambas no ukelelê, além do canto.

Entusiasmaram-se tanto que chegaram a especular jogar para o alto as carreiras e investir nesta nova faceta. "Mas a vida real vai recolocando a gente no lugar", ri Drica. "Depois da primeira temporada, fiz novela (o remake de "Guerra dos Sexos"), cinema... E não demos prosseguimento aos estudos (musicais). Mas foi intenso. Ensaiamos quase cinco meses. A gente tinha um repertório até maior, levantamos muito material que não foi usado. Mas é bom frisar que as duas são personagens frustradas. É uma banda bizarra, hilária. Fizeram um show só e foram retiradas pela polícia. Elas não são super maravilhosas no que fazem, o texto mostra que a gente pode ter vocação mas não ter talento, ou vice-versa".

Dupla Ukuleladies revisita pérolas como "In Between Days"

No palco, o tom de acerto de contas permeia os encontros, desencontros e reencontros entre as amigas L e M. Nos bastidores da turnê da peça, uma amizade que só se solidifica, ainda que vez ou outra Drica ou Mariana se flagrem vítimas do mau humor decorrente do estresse gerado em aeroportos.

"Deslocamentos aéreos são desgastantes", brinca Drica, frisando que ela e Mariana são meio que irmãs de alma. "Temos filho pequeno e muitas outras coisas em comum, então, é uma troca permanente. Conversa não falta, em torno de casamento, família, trabalho... A gente não briga, está sempre se acolhendo. Nossa relação é muito boa".

Prova da interação das moças está no YouTube. Ainda no período de entusiasmo com o aprendizado musical, Drica e Mariana fizeram vídeos bacanas de músicas como "In Between Days", do The Cure, ou "Come As You Are", do Nirvana. A busca pode ser dada com "ukuleladies" como palavra-chave. "Between Days", por exemplo, já teve milhares de visualizações. Gravado na casa de Mariana, em clima meio "A Banda Mais Bonita da Cidade" (e a sua "Oração"), o vídeo é bem bacaninha sim, e traz a participação de músicos e crianças. Já em "Vira Pó", as duas surgem com perucas divertidas, "devorando" Karina Buhr.


Serviço

"A Primeira Vista" – Drica Moraes e Mariana Lima – Sexta-feira (9), às 21 horas, sábado, às 20 horas, no Teatro Bradesco (rua da Bahia, 2244). 613 lugares. Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). Informações: 3516-1027 e 3516-1360 e no site http://www.teatroemmovimento.art.br. Classificação: 14 anos. Duração: 80 minutos.

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