Dudu Nicácio lança neste sábado (1º), na Praça da Savassi, o disco “Coisa de Louco”

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
01/03/2014 às 08:28.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:21
 (Rogério Sol/Crop)

(Rogério Sol/Crop)

Dudu Nicácio experimentou, nesta semana, uma ansiedade fora do normal. Poucos dias antes do Carnaval, o músico se deparou com uma virose fortíssima e teve de encarar uma injeção de Benzetacil para melhorar a saúde antes de encarar a maratona de shows. “A dor e a febre já passaram, agora tenho que curar a rouquidão”, afirmou o artista na última sexta-feira (28) pela manhã.

Mas a ansiedade não se deve só à expectativa da melhora de saúde: Dudu deve vivenciar um dos mais importantes carnavais de sua vida. Neste domingo (2), às 20h, no palco montado na Praça da Savassi, o artista lança o álbum “Coisa de Louco”, seu quarto trabalho e o primeiro dedicado totalmente ao Carnaval.

O disco passa por diferentes ritmos carnavalescos (samba, frevo, axé) e marca uma parceria inusitada e frutífera. Os músicos que acompanham Dudu na empreitada são os integrantes da banda de rock A Fase Rosa. A produção ficou com Leo Moraes, que já havia co-produzido o álbum “Pra Cidade Cantar”, lançado no ano passado.

“Enviei as canções para os músicos com um pequeno relato sobre o que pensava de cada música. A partir daí, dei total liberdade para eles construírem os arranjos da maneira que a banda trabalha. Nem aos ensaios eu fui. Eles ensaiavam, montavam os arranjos e me retornavam”, conta Dudu Nicácio. “Foi o disco mais ligeiro que fiz até hoje”.

Memória afetiva

Segundo ele, o desenvolvimento do disco contou com uma memória afetiva de tudo que vivenciou em universos carnavalescos. “Eu já senti muito o carnaval na pele. De ficar doente de folia, rouco, machucado, sem rumo no salão. As recordações não param de vir à cabeça. Tudo isso é referência afetiva, é memória presente e revivida dessa paixão. Todos os autores que dedicaram seu tempo a esse tema também me influenciaram muito”, diz o artista, que tomou como referências Braguinha, Lamartine Babo, Caetano Veloso, Sérgio Sampaio, Gal Costa, Elba Ramalho, Pepeu Gomes e Luiz Caldas.

A ideia de unir Dudu com o quarteto d’A Fase Rosa foi do produtor Leo Moraes. Depois de uma produção tradicional nos outros trabalhos do sambista, ficou claro que poderia ser interessante ter uma parceria em que o processo de criação fosse compartilhado.

“Acreditei que se colocássemos na equação uma banda entrosada e coesa, com um trabalho próprio de identidade forte, e déssemos a ela a liberdade para interferir ativamente nos arranjos, somando às belas composições de Dudu, chegaríamos a um resultado inovador”, explica Moraes.

A Fase Rosa foi a escolhida pelas características de seu som, que mistura rock com sons brasileiros. “A proposta estética da banda, aliando uma brasilidade acentuada com uma contemporaneidade mais universal, me pareceu ser a escolha perfeita”, completa Moraes.

Músico ajudou na criação de blocos da capital mineira

Nascido em um sábado de Carnaval, Dudu Nicácio sempre teve uma relação especial com a festa. Por muitos anos, curtiu a data em Oliveira, onde foi criado. Mas depois de 2008, quando sua mãe vendeu a casa da família, passou a se dedicar à folia na capital.

Dudu foi um dos criadores do Bloco da Cidade, uma ação que foi muito importante para um maior reconhecimento da Escola de Samba Cidade Jardim. Se tornou figura importante em outros movimentos. “Em 2010, desfilamos no bairro Santo Antônio com o bloco Os Meia Lama, que não existe mais, e também começamos as atividades do Bloco da Cidade. De maneira muito comunitária e espontânea também temos saído todos os anos com o Turma do Bocão, que foi uma fantasia antiga dos meus pais que eu trouxe para cá”, conta Dudu Nicácio.

Ele também foi um dos criadores do bloco Fera Neném, que na semana passada levou papais, mamães e crianças para a rua. Sinal de que já está passando para Joana, sua filha de um ano, a paixão pela festa. Inclusive, está no YouTube um clipe de “Coisa de Louco” gravado no Fera Neném. “Acho que a forma que o carnaval de BH tem se reconstruído favorece o envolvimento das crianças”.

O desejo de ocupar as ruas durante o Carnaval, segundo ele, foi uma reação de uma sociedade cansada de se ver presa a condomínios e shoppings. “É um movimento que favorece o encontro e o cuidado entre pessoas. Uma vontade de ocupar espaços públicos que é realizada durante todo o ano, no Duelo de MC’s, nas rodas de samba, nos piqueniques”.

Música rainha

Toda a carreira musical de Dudu foi concentrada no samba. Mas em “Coisa de Louco”, ele pôde experimentar uma grande diversidade de ritmos que teve contato ao longo de sua vida. “As músicas desse disco me vieram de maneira muito intuitiva e espontânea. A música sempre será a rainha. Ela é quem manda no nosso caminho criativo e não o inverso. Eu amo cantar samba e fazer samba, mas se me vem outro ritmo à mente sinto que devo cantá-lo também”, explica o artista, que divide seu tempo entre o samba e o trabalho de advogado no Programa Polos de Cidadania da Faculdade de Direito da UFMG.

Baixe o disco em http://www.dudunicacio.com.br

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