DVD 'Mais', da mineira Maíra Baldaia, apresenta show com energia feminina

Lucas Buzatti
17/12/2018 às 07:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:35
 (Flávio Charchar/Divulgação)

(Flávio Charchar/Divulgação)

“Eu acredito na arte como um agente transformador, ainda mais nestes tempos em que vivemos. É preciso resistir, estar viva e se aquilombar”. A reflexão é da cantora e compositora Maíra Baldaia, uma das artistas mais potentes da nova música mineira. A itabirana acaba de lançar o primeiro DVD, “Mais” (YB Music), que registra show gravado em BH, em maio deste ano.

Baldaia conta que o DVD surgiu da vontade de mostrar um pouco da experiência de palco. “Acredito que há algumas nuances e magias que pulsam na música no momento da troca entre artista e público. Também sou do teatro, então, penso o espetáculo como dramaturgia. Queria passar para o público a experiência do que é este corpo vivo em cena”, sublinha. 

“Todo o cenário é feito com as projeções de Criola e Notívago, que trazem uma estética muito sensível”

Baldaia está acompanhada pelas musicistas Larissa Horta (contrabaixo e vocais), Débora Costa (percussão, bateria e pad), Hadassa Amaral (bateria e percussão) e Verônica Zanella (guitarra e vocais). Além de formarem a banda, as artistas trabalharam conjuntamente na construção de novos arranjos para o show, tanto das inéditas quanto das faixas do disco “Poente e Outras Paisagens” (2016).

“Quis trazer arranjos mais enérgicos, com outra pulsação, mas sem perder a ancestralidade. Tanto que eu aumento a ‘cozinha’. Antes era só percuteria, agora, tem percussão e bateria. Então, a parte ancestral, do groove, está mais forte, mas ao mesmo tempo a parte harmônica está mais moderna, com guitarra e eletrônicos”, comenta. 

A cantora explica o porquê do nome “Mais” para o DVD. “Para trazer a ideia de aquilombamento, de junção entre várias participações especiais que se conectam com o meu trabalho, seja afetivamente ou esteticamente”, afirma.

Aura pulsante

Para Baldaia, o DVD – cuja direção de vídeo, fotografia e edição são assinadas por Flávio Charchar – consegue captar bem a reverberação ritualística de suas performances ao vivo. 

“Têm momentos fortes, como em ‘Palavra Muda’, quando homenageamos Marielle Franco e várias mulheres importantes da história. Obviamente que a experiência de quem vê o show é única, mas acredito que o DVD capta essa aura de resistência e aquilombamento”, observa. 

“A banda é formada por musicistas muito sensíveis. Juntas, chegamos numa estética que eu gosto muito, resultado que pulsa energia feminina forte”

Itabirana selecionou participações especiais por conexões emocionais e admiração

A ideia de Maíra Baldaia, em relação às participações, foi alternar diferentes momentos, entre parcerias antigas e novas. “Em ‘Negra Rima’, tive a presença da Ellen Oléria, que, como eu, é compositora, cantora e atriz, e também tem o feminismo negro e a pauta LGBTQI presentes em seu trabalho. Já em ‘Insubmissa’, escolhi a Luedji, que para mim é um nome feminino que se destaca na nova MPB. Em ‘Só Por Um Instante’, trago a Nath, nome potente da cena mineira que já tinha participado do meu disco”, explica a artista.

Os conterrâneos Guilherme Ventura e Meninos de Minas também são parte do DVD, assim como outros personagens da música. “Em ‘Poente’, ‘Palavra Muda’ e ‘Águas e Girassois’, trago a Mariana Cavanellas, o Veronez e o LG Lopes, que eu já acompanhava há tempos. Em ‘Pra Ieiê’, canto com a Héloa, cujo trabalho se aproxima muito do meu. Tem também o François Muleka, em ‘Dia Bom’, um dos compositores masculinos que mais me emocionam na atualidade”, diz.

“Nas faixas bônus, homenageio meus mestres, como Clayton Neri, diretor musical do meu disco; Titane, minha mestra maior; e o Maurício Tizumba, mestre de trajetória, quem me abriu portas quando cheguei em BH e com quem faço parte de vários projetos”, completa.

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