'Eduardo e Mônica': adaptação de música do Legião Urbana estreia em janeiro

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
27/12/2021 às 11:58.
Atualizado em 29/12/2021 às 00:37
 (MARIANA VIANNA/DIVULGAÇÃO)

(MARIANA VIANNA/DIVULGAÇÃO)

Uma das músicas mais conhecidas do Legião Urbana, “Eduardo e Mônica” é um apanhado de substantivos que nutrem um casal nada parecido, em que “ela fazia Medicina e falava alemão e ele ainda nas aulinhas de inglês”.

Letras que em nada favoreciam uma adaptação cinematográfica. Mas essa dificuldade não foi suficiente para o diretor René Sampaio desistir de sua segunda transposição – ele também assinou “Faroeste Caboclo”, lançado em 2013.

“A música coloca bem as questões das diferenças, mas não tem história, não tem propriamente o drama deles. O que busquei foi traduzir essa dinâmica, em torno do que precisavam mudar para ficarem juntos ao final”, registra.

Filme de René Sampaio é inspirado na música homônima escrita por Renato Russo, presente no álbum “Dois”, lançado em 1986 pelo grupo Legião Urbana

Com estreia em 20 de janeiro, o longa-metragem protagonizado por Alice Braga e Gabriel Leone contou com vários roteiristas para dar a cara que Sampaio tanto queria: um filme de amor capaz de “emocionar jovens de todas as idades”. 

O texto chegou a passar pelas mãos de Domingos Oliveira, o “François Truffaut brasileiro” que, como o cineasta francês, pôs o amor como nosso maior fundamento, num retrato que vai do melancólico ao bem-humorado. 

“Ele trabalhou bastante, mas era algo que só o Domingos daria conta de fazer. Aí me perguntei quem era o Domingos da nova geração e lembrei do Matheus (Souza). Depois de muitos tratamentos, conseguimos criar esse universo que dialoga com as bases da música”, destaca.

Para Sampaio, era importante se conectar às tradições do cinema romântico, como os filmes de Truffaut, de Woody Allen e títulos ingleses ao estilo de “Quatro Casamentos e um Funeral” e “Um Lugar Chamado Notting Hill”, ambos protagonizados por Julia Roberts e Hugh Grant.

Ele salienta que quase tudo que Renato Russo – vocalista e principal autor das canções da Legião – escreveu está relacionado com o amor. “Renato é só amor. Numa de suas músicas, ele fala isso. Sempre trabalhou nesta diapasão e eu me identifico com isso também”.

O resultado é um filme que agradará “a todo mundo que tem família”. Na história, Eduardo e Mônica terão que se entender dentro da liberdade que dispõem. “Ela fala com todo mundo que vive esse conflito familiar e emocional, um tema mito aberto e universal”.

A questão das diferenças é um tema também muito caro ao filme, que levanta a bandeira da tolerância. “A gente sempre acreditou (nesse tema). Quando escrevemos o roteiro, não sabíamos que teria tanta pertinência como agora”.

Alice Braga e Gabriel Leone protagonizam adaptação

René Sampaio diz que não foi ele quem escolheu o casal de protagonistas formado por Alice Braga e Gabriel Leone. “Foram Mônica e Eduardo que os escolheram”, observa o diretor, que enxergou a química perfeita entre os atores.

A participação da dupla no filme foi ameaçada diversas vezes. No caso de Alice, pela carreira internacional da atriz, que tem atuado nos Estados Unidos em filmes como “Soul”, “Os Novos Mutantes” e “Esquadrão Suicida”.

“Alice Braga entrou e saiu do filme algumas vezes. Uma hora, não tínhamos dinheiro (para começar as filmagens). Em outra, ela não tinha agenda. De repente, casou de ela poder fazer”, recorda Sampaio.

Já Gabriel Leone por pouco não levou “bomba” nos testes. O realizador explica que ele não foi bem na primeira tentativa. Por sorte, pediu uma segunda chance e ganhou sinal verde do diretor. “E foi ótimo. Após um teste com Alice, já tínhamos o casal formado”.

René Sampaio também estava destinado a dirigir o filme. Sempre foi fã de Legião Urbana e tem um projeto a longo prazo para explorar o rico material deixado por Renato Russo, morto em 1996.

“Eu cresci ouvindo a Legião. Sempre foi a minha banda de formação desde moleque. Já chorei e ri muito (com as canções). Depois que fiquei mais velho, comecei realmente a entender a profundidade das letras e da poesia do Renato”, assinala.

Após “Faroeste Caboclo” e “Eduardo e Mônica”, ele já se prepara para um terceiro longa baseado nas músicas do trovador. Por enquanto, ele guarda o título a sete chaves. Atualmente está envolvido na produção de um documentário sobre Russo.

“Será baseado nos diários dele e nas seis mil peças que estavam em exposição no Museu da Imagem e do Som (em São Paulo). Vou abordar o lado criativo, sobre as obras que mais lhe influenciaram”, adianta Sampaio.

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