(Samuel Costa)
Quando comparou manifestantes a pássaros, o artista plástico Eduardo Fonseca mal podia imaginar que a ideia o tocaria de tal modo que o faria zarpar de Belo Horizonte. Teoricamente, a proposta, até ali, era bem simples: comparar aves a homens que se indignam e se libertam.
Mas o ponto de partida (o significado das asas e do ato de voar) fez com que o artista pensasse em novas possibilidades para si mesmo. Resultado: nos próximos dias, o mineiro de 31 anos alça voo para Nova York, onde pretende estreitar laços com galerias, sem deixar, é claro, de produzir a todo vapor. Afinal, em novembro ele expõe no Espaço Cultural Vallourec.
Antes de embarcar para a temporada em NY, Eduardo Fonseca despede-se de BH em grande estilo. Nesta sexta-feira (13), ele abre a mostra mote de toda libertação: “Pára, por favor!” (sic) entra em cartaz na Galeria do BDMG.
“O projeto inicial não era colocar pássaros ou asas por toda a exposição, mas tudo convergiu para isso. O próprio rumo que tomei na vida pessoal me fez querer voar para outros cantos, tanto externa quanto internamente”.
Tudo Junto
“É aquela velha história da vida e a arte se misturando. Chega um momento em que é difícil não separar essas duas coisas. Ainda mais que meu ateliê é na minha própria casa”, comenta.
Fonseca constrói telas com características habituais a ele. Sem economia de cores, a exposição reforça a tendência do artista à crítica, sem perder o bom-humor. Curioso é que, de alguma forma, a mostra expõe todos nós ao que fazemos (ou deixamos de fazer) diariamente.
“Eu a encaro como uma reflexão sobre liberdade. Pressinto que tudo remete a uma forma de alienação: seja o dinheiro, a violência, a tecnologia ou até a religião, mas, apesar disso, acredito que exista outro caminho, e que, sim, nós podemos mudar isso tudo”.
“Pára, por favor!” de Eduardo Fonseca, na Galeria de Arte BDMG Cultural (rua Bernardo Guimarães, 1.600, Lourdes). Diariamente, das 10 às 18h. Até 15/3. Entrada franca