Eduardo Srur projeta instalação Pets na Lagoa da Pampulha

Clarissa Carvalhaes - Do Hoje em Dia
01/01/2013 às 10:09.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:12
 (Eduardo Srur/Divulgação)

(Eduardo Srur/Divulgação)

Desde que começou a dar vazão à sua criatividade, Eduardo Srur vem reafirmando a arte como "uma possibilidade de salvamento". Se considerarmos ser essa a sua força motriz, não há que se sentir estranhamento ao observar os trabalhos do paulistano, que neste ano completa 40 anos de vida.

Mais que somente dialogarem entre si e buscar aproximação com o público, as instalações do artista levam o observador a refletir que todos nós, de alguma forma, precisamos de salvação. E a arte (por que não?) seria um bom começo.

"Não somos um povo que tem formação artística. Minha geração não é politizada", lamenta Srur, de São Paulo, em entrevista por telefone. "É por isso que a arte precisa estar lá fora. Ela não pode ficar presa em galerias! Precisa se mostrar, ir para as ruas, intervir nos espaços e nas pessoas", completa o artista.

Arte e vida

Contabilizando 16 anos dedicados à carreira, o artista apresenta obras que provocam sensibilidade e reflexão.

Com maior assiduidade a partir de 2004, Srur passou a dedicar-se à "arte-pública", levando para as ruas trabalhos que tratam sobre problemas da mobilidade urbana e o impulso pelo consumo desenfreado. Obras que convocam o resgate pela consciência política e discutem o descarte inadequado de resíduos no meio ambiente. Entre outros tantos.

Se o leitor ainda não teve a sorte grata de conferir o trabalho do moço, segue aqui a boa nova: o artista acaba de lançar "Manual de Intervenção Urbana" (BEI Editora, 256 páginas, R$ 80).

O compilado expõe os conceitos que norteiam a atuação de Srur e contextualiza cada uma de suas intervenções, mostrando como foram feitas e o impacto que provocaram na cidade. Mas vai além: o livro é tão detalhista que pode até servir como guia para os que querem interferir artisticamente no cotidiano da própria cidade.

Artista já tem projeto pronto para expor em BH

2013 pode ser o ano de Eduardo Srur em Belo Horizonte. Para a capital mineira, o artista pensa na instalação "Pets", a mesma que passou por São Paulo em 2008 – mas, claro, com alterações e interferências necessárias para BH.

Com 20 esculturas monumentais, a mostra, que chamou atenção ao ocupar as margens do Rio Tietê, tem projeto pronto para instalar-se na Lagoa da Pampulha e apoio institucional da Secretaria Municipal Adjunta de Meio Ambiente da Prefeitura.

Quando apresentada na capital paulista, a intervenção foi vista por milhares de pessoas e levou três mil crianças a navegar nas águas poluídas do Tietê. Um feito.

"É nisso que acredito: obras de arte são interfaces do que somos. Não que a arte na rua seja mais importante do que o que está nas galerias, mas quando levo meu trabalho para o espaço público, amplio alternativas de respostas. Meu trabalho é uma obra aberta que nasce pensando no próximo".

Aos belo-horizontinos, cabe agora esperar (e torcer) para que a criatividade de Srur pouse logo sobre a Pampulha – e quem sabe até alavanque a salvação necessária a esse nosso cartão-postal.

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