Ela nasceu para brilhar!

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
23/08/2015 às 09:42.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:28
 (Guto Costa / Divulgação)

(Guto Costa / Divulgação)

Pouca gente sabe, reconhece Afonso Carvalho. “Mas, além de ser uma grande compositora e cantora, Dona Ivone Lara dedicou boa parte da vida à enfermagem, uma profissão para pessoas especiais, que têm muito amor no coração. E isso ela tem de sobra”, diz o criador do projeto “Sambabook”, da Musickeria, que, agora em nova edição, se volta para a obra da compositora que, em abril passado, completou 94 anos.

Autora de clássicos como “Sonho Meu” ou “Foram Me Chamar”, Dona Ivone tem composições colocadas em repasse por nomes como Caetano Veloso (“Alguém Me Avisou”), Vanessa da Matta (“Acreditar”), Maria Bethânia (“Sonho Meu”), Adriana Calcanhotto (“Candeeiro da Vovó”), Elba Ramalho (“A Sereia Guiomar”), Zélia Duncan (“Tendência”), Wilson das Neves (“Os Cinco Bailes da História do Rio”). Tem, ainda, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Diogo Nogueira, Teresa Cristina, Hamilton de Holanda e a portuguesa Carminho, entre vários outros grandes nomes.

“Ela é reverenciada por todos, de diferentes gerações e vertentes musicais. É um patrimônio da nossa cultura, e estamos muito felizes em poder fazer essa homenagem com ela ainda atuante”, diz Afonso, acrescentando que a homenagem inclui CDs, DVD, fichário de partituras, especial no Canal Brasil e livro (discobiografia).

As gravações aconteceram no Rio, na Cidade das Artes. “O clima era de festa e de emoção. Muitos artistas, depois de cantarem, permaneciam no set de filmagem para acompanhar a gravação dos outros. Ou apenas para ficar mais tempo ao lado da Dona Ivone Lara. Foi muito especial”.

Confraternização

Um dos momentos mais emocionantes da gravação, complementa Alceu Maia, diretor musical do projeto, foi a chegada de Maria Bethânia e o jeito como ela reverenciou Dona Ivone. “Foi algo maravilhoso, mágico mesmo. Caetano também foi um momento muito bonito, assim como incrível foi a interpretação de Carminho para ‘Nasci para sonhar e cantar’. Levou muita gente às lágrimas. Uma cantora portuguesa que entrou de corpo e alma na música de Dona Ivone. Teve a visita do Zeca Pagodinho, sempre levando alegria. Criamos um refrão para passar o som e a Lecy Brandão chegou e perguntou: é um partido alto? E saiu improvisando, com músicas e coisas relativas a Dona Ivone. Foi muito bacana”.

No geral, Alceu Maia lembra que o clima de gravação dos sambabooks é sempre de confraternização. “São amigos trabalhando juntos, com descontração e seriedade, cada coisa na sua hora. Mas é sempre uma festa”, reforça.

O criador do projeto, Afonso Carvalho, aproveita para adiantar que, depois de João Nogueira, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho e, agora, Dona Ivone Lara, o próximo nome enfocado pelo projeto será Jorge Aragão. “Depois da grande dama do samba, o poeta do samba”, exalta.

45 anos de carreira em 1965, ela tornou-se a 1ª mulher a entrar para a ala de compositores de uma escola do grupo especial, mas considera 1970 o início oficial de sua trajetória 

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