Em BH, forró rende eventos de domingo a domingo, com direito a festa gratuita na rua

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
08/02/2014 às 07:50.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:53
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

O forró não vem marcando mais presença na mídia com a mesma intensidade de 15 anos atrás. Mesmo assim, o gênero continua bastante apreciado pelos mineiros. Tanto que, em Belo Horizonte, há programação de domingo a domingo para quem gosta de dançar juntinho e arrastar o pé.    E o interesse é tal que o forró extrapolou o espaço fechado de academias de dança e casas noturnas. Aos sábados, a rua João Lúcio Brandão, no bairro Prado, se transforma em um ponto de encontro para os forrozeiros. Enquanto algumas pessoas consomem no bar Paulão Bier, outras dançam ao som de bandas que estão iniciando carreira no circuito belo-horizontino.    A ideia partiu de Gelatina Ramos, o mesmo produtor do forró do Seis Pistas, hoje realizado na avenida Mário Werneck, no Buritis. “Sempre sonhei em fazer um forró de graça, em praça pública, para a família levar os filhos. O jeito foi encontrar uma parceria com um bar que topasse pagar pela banda, mesmo que fosse um valor simbólico”, explica Gelatina, que está tentando viabilizar o projeto por meio de lei de incentivo.    “Arrumadinho” Como o cachê é mais um incentivo, o forró de rua muitas vezes conta com o que Gelatina chama de “Trio Arrumadinho” – integrantes de outras bandas que se reúnem para tocar. “Gosto de dar oportunidade a bandas que estão começando. É uma maneira de elas conquistarem público”.    O forró de rua está aberto a qualquer fã do estilo, mas o evento costuma ser mais procurado por jovens na faixa dos 18 aos 30 anos. “Já tem gente levando a ideia para São Paulo. E teve gente de Goiânia entrando em contato para saber mais”, diz Gelatina, que, no passado, deu aulas de dança – hoje se dedica exclusivamente à produção de eventos de forró. l   Oportunidades por todos os cantos   O Chama Chuva nasceu na terra do forró, o distrito de Itaúnas, no Espírito Santo, mas encontrou seu verdadeiro lar em Belo Horizonte, há 14 anos. “Tivemos um convite para tocar aqui e a casa lotou. Aí tocamos no final de semana seguinte e fomos ficando”, conta Dil Brasil, zabumbeiro do grupo.   Mesmo que a cena do forró não seja mais tão aquecida quanto na virada do século, o Chama Chuva ainda acredita que é melhor morar aqui. “Houve uma caída na mídia, mas o público continua forte”, diz o músico.    O Chama Chuva, que toca neste fim de semana em Ipatinga, faz um show 80% autoral, focando agora o recém-lançado “O Show Continua”. E corre atrás de recursos para a realização de um DVD na Semana Santa, em Itaúnas.   Europa   O Trio Lampião é outro grupo bem estabelecido no circuito mineiro. Realiza de 10 a 14 shows por mês, em especial em casas noturnas como A Casa e Utópica (onde toca amanhã) com repertório misto (releituras e autorais). Na próxima quinta-feira, o grupo embarca para a Europa, para uma turnê viabilizada pelo Ministério da Cultura. Vai circular por Portugal, França, Inglaterra e Noruega.    “Há muitas opções de shows, viajamos para o interior de Minas e já tocamos em Brasília e Vitória. Mesmo assim é difícil financeiramente. Temos que lutar para melhorar o cachê dos shows”, afirma o zabumbeiro do Trio Lampião, Fred Letro.   A profissionalização do setor é o grande problema para os artistas. O acordeonista Lucas Viotti, por exemplo, deixou de trabalhar em projetos de forró na cidade. Após ter trabalhado com muita gente destacada (ele viajou com Alceu Valença na turnê “Valencianas”), é complicado aceitar os pequenos valores oferecidos no mercado.   “Forró é um estilo razoavelmente fácil de tocar e seus instrumentos são baratos. Muitos tocam, mas nem sempre tocam bem. O problema é que tem muita gente no mercado e os produtores oferecem um valor muito baixo de cachê”, afirma o acordeonista, que cita a banda paulista Dona Zefa como referência de qualidade na atualidade. “É um trio que mantém a raiz, mas sabe ter um diálogo com o novo”.   Som mecânico   Há forrós para todos os tipos e gostos. Quem prefere uma sonoridade mais antiga, próxima a Luiz Gonzaga e Dominguinhos, vai ao Ziriguidun. Quem gosta do forró universitário (que dialoga com o pop), vai às festas promovidas pelo DJ Fred Boi, que toca, pelo menos, três vezes por semana na capital.    “A maioria prefere o som mecânico, que não tem interrupção da dança. A maioria só quer saber mesmo é de dançar”, diz o DJ, contando ainda que o tradicional público do forró consome apenas cerveja, “xiboquinha”, Catuaba e muita água. “Nem adianta investir em vodca e outras bebidas que fazem sucesso em outras festas”.

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