Em cartaz nos cinemas, 'Aves de Rapina' é o primeiro filme solo com a Arlequina

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
10/02/2020 às 08:31.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:35
 (Divulgação)

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Não é só a personagem Arlequina que não bate muito bem da cabeça. “Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa”, o esperado filme solo com a anti-heroína e namorada do vilão Coringa, tem uma estrutura esquizofrênica, flertando com vários temas e estilos, mas sem se agarrar a nenhum deles.

A dificuldade mais visível é como enquadrar Arlequina: uma protagonista de filmes de ação, uma mulher que sofreu abusos e passa a ser símbolo da independência feminina ou um personagem debochado que quer simplesmente ir contra as regras, ganhando o espectador no quesito humor, assim como Deadpool?

O filme dirigido por Cathy Yan atira para todos esses lados, começando pela vingança de Arlequina em relação ao universo machista após ser dispensada por Coringa. Sem a proteção do ex, ela vira alvo de vários desafetos e passa o filme inteiro fugindo, entrando em ação meio contra a vontade (a não ser pelo final).

Com a tentativa de imprimir um ritmo mais ágil, a história do namoro com o vilão de Batman é abordada rapidamente, em formato de desenho animado. Com essas escolhas, o roteiro alivia um pouco o histórico de maus-tratos, tirando o filme de um curso mais sombrio para evitar semelhanças com “Coringa”.
 

Uma das melhores cenas mostra Arlequina como Marilyn cantando “Diamonds Are a Girl’s Best Friend”, paródia de “Os Homens Preferem as Loiras”

Narrativa vacilante

As brincadeiras a la “Deadpool” são constantes, com a Arlequina recheando as suas falas de humor negro em torno das situações que vivencia. Ela também narra o filme, mas este recurso é mal aproveitado com longos (e desnecessários) flashbacks que deixam a narrativa trôpega.

Como o título deixa claro, o longa não é só dela, abrindo espaço para outros personagens que terão que juntar forças para sobreviver. Além da leitura feminista, embora simplista (mulheres inimigas delas próprias), é a chance de ampliar os recursos de ação, já que Arlequina não tem super-poderes.

Esta reunião, porém, só ocorre na meia hora final, sem aproveitar os elementos dramáticos das demais. Muito tempo de espera para um filme que, descartadas as outras possibilidades, está mais para uma história despretensiosa de super-heróis com o freio de mão puxado.

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