(Sony/Divulgação)
Principal estreia de amanhã nos cinemas, “Era uma Vez em Hollywood” está longe de ser violento como os últimos filmes de Quentin Tarantino, entre eles “Bastardos Inglórios”, “Django Livre” e “Os Oito Odiados”. Esses tinham em comum, além de certo sadismo, motivações como vingança e preconceito para justificar tamanho derramamento de sangue.
O humor, por consequência, não bebe desta violência estilizada, embora a sequência final, no que tem de grotesca e brutal, lembre muito o momento de “Bastardos Inglórios” em que aliados e nazistas se encontram num bar subterrâneo. O Tarantino que mais se destaca aqui é o da reverência aos signos de uma determinada época, no caso a transição cultural e comportamental da virada da década de 60 para 70.
Estão lá os movimentos de contracultura, as manifestações contra a Guerra do Vietnã, a mudança na indústria audiovisual com o fortalecimento da TV. Tudo isso posto no liquidificador particular do cineasta, que mostra pés em profusão e homenageia certos gêneros, especialmente o faroeste e os filmes de guerra, e um estilo de vida já muito marcado pelos meios de comunicação.
A dupla formada por Brad Pitt e Leonardo DiCaprio trafega por sequências deliciosas que parecem extraídas dos filmes e seriados da época, enquanto exibe os bastidores deste universo já não mais tão glamouroso. Aos poucos, recorrendo a alguns elementos reais, Tarantino aponta para si próprio, para uma geração que cresceu vendo a disseminação da violência como algo natural.