Em “O Último ato”, um apagão no palco e um amor insólito

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
10/08/2015 às 07:50.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:17
 (Califórnia/Divulgação)

(Califórnia/Divulgação)

Produzidos no mesmo ano, “Birdman” e “O Último Ato” têm em comum mais do que o registro de um momento de grave crise artística de um ator experiente da Broadway.

A mistura entre realidade e ficção, com o personagem muitas vezes dominando o intérprete, oferece uma leitura opressiva e delirante, estampada pelo final trágico “em cena”.

The End é libertador, entregando a última grande atuação de forma visceral, especialmente em “O Último Ato”, que acaba de ser lançado em DVD pela Califórnia.

Apesar de suas muitas semelhanças, “Birdman” teve maior visibilidade, ganhando quatro Oscar, incluindo melhor filme e direção, para o mexicano Alejandro González Iñárritu.

“Birdman” tem uma narrativa mais enérgica, com uma câmera em constante movimento, além de abordar questões do momento, dos selfies à maneira como se criam celebridades.

Já o filme de Al Pacino, que começa da mesma forma que “Birdman”, com o ator dialogando consigo através do espelho do camarim, transita por um terreno arenoso, mas não menos instigante.

Se em “Birdman” sabemos exatamente até aonde vai a insanidade do personagem de Michael Keaton, no longa dirigido por Barry Levinson é difícil saber o que é real.

Trajetória do herói

Essa sensação se prolonga até o final cheio de reticências. Alguns personagens secundários, se não são inventados, atendem à carência afetiva do ator de Pacino.

Após sofrer um apagão sobre o palco, ele decide se aposentar, mas sua vida fora de cena ganha intensidade, como se dessem continuidade a clássica trajetória do herói.

São situações como o convite de uma fã para que ele mate o seu marido ou mesmo o repentino aparecimento da filha lésbica de um amigo, que resolve virar heterossexual para ficar com ele.

Dessa forma, sua presença, do ponto de vista da dramaticidade de uma vida encenada, ganha importância – no suspense, como se estivesse numa obra de Alfred Hitchcock, ou na comédia romântica, inspirada em Woody Allen.

“O Último Ato” pode muito bem ser um pesadelo do ator, ao tentar manipular a narrativa de sua vida, desviando-se dos caminhos perigosos valendo-se dos clichês.

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