Em quebra de tradição, grandes grifes dão comando a mulheres

Folhapress
30/09/2016 às 15:38.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:02
 (Reprodução/Internet)

(Reprodução/Internet)

O que estilistas de legados tão diferentes quanto Yves Saint Laurent, Christian Dior, Hubert de Givenchy e André Courrèges têm em comum? Apenas o óbvio: são homens.

Pode parecer estranho, mas quase toda a moda feminina do último século foi criada por mãos masculinas.

Nesta temporada parisiense, porém, as grifes Christian Dior e Lanvin, das mais importantes do calendário, quebraram a regra e deram a mulheres, a italiana Maria Grazia Chiuri e a francesa Bouchra Jarrar, respectivamente, o comando de suas linhas de alta-costura e prêt-à-porter.

"Todos deveríamos ser feministas", lê-se em uma camiseta da primeira coleção de Chiuri para a Dior, desfile mais disputado da sexta (30).

Além de engajado, o discurso da estilista é uma ferramenta de marketing poderosa numa época em que o "empoderamento" feminino domina o debate na indústria criativa.

Não faltaram "empoderadas" na primeira fila. Sempre a mais fotografada, a cantora Rihanna dividiu espaço com a ex-primeira dama Carla Bruni e a modelo Kate Moss.

Maria Grazia evocou símbolos de força. Bordou imagens de tarô e constelações do zodíaco nos vestidos transparentes. Também reverenciou os signos do guarda-roupa feminino, como a lingerie -sobraram tule e renda- e o "new look" de Christian Dior.

Em vez da jaqueta bar, acinturada, e da saia volumosa que compunham o conjunto revolucionário criado pelo estilista no pós-Guerra, Chiuri fundiu o uniforme dos esgrimistas com a alfaiataria, única lembrança de seu antecessor, o belga Raf Simons.

Na parte de baixo, saias românticas com desenhos de flores e corações foram os únicos resquícios de seu trabalho na grife Valentino.

A fusão de masculino e feminino também foi usada por Bouchra Jarrar em sua estreia na Lanvin, na qual enveredou pela alta-costura. Os cortes masculinos dos ternos foram suavizados em tecidos cintilantes e transparências.

A designer propõe um olhar contemporâneo à noção de alfaiataria feminina. Joga xales sobre estruturas rígidas e materiais leves em peças masculinas.

Mais chegada à clientela do lado esquerdo do Sena, "cool" e jovem, a francesa Isabel Marant é um dos nomes mais significativos da ala feminina da semana de Paris.

Na última quinta (29), a estilista, que costuma tirar referências do guarda-roupa de culturas distantes da sua -no ano passado foi acusada de plagiar desenho tradicional de uma etnia mexicana-, decidiu fincar pés no seu país.

O novo "look" das francesas permeou sua passarela: camisas e macacões listrados com mangas alongadas, vestidinhos curtos com sobreposições de tecidos e uma estampa primaveril ou outra.

Estampas de flores exóticas, vale frisar. Porque nessa onda feminista pode até haver espaço para a doçura, mas sem sabor enjoativo.

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