Entre mãe, trens, cães raivosos e a criatividade de um jovem artista

Elemara Duarte - Hoje em Dia
02/04/2014 às 06:54.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:53
 (Reprodução)

(Reprodução)

Estandelau é nome diferente. E quem usufrui desta inusitada alcunha é um jovem de 30 anos, criado em ares suburbanos de cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele ingressa nas artes plásticas mineiras em primeira exposição individual, por meio de mostra que vai desta quarta-feira (2) até 1º de junho, no Memorial Minas Gerais Vale (Circuito Cultural Praça da Liberdade).

“O Livro da Dúvida – Capítulo 01 – Adentrando o Falto” faz parte do Ciclo de Exposições de Jovens Artistas 2013/2014, do nobre espaço na região Centro-Sul. Para Estandelau, a mostra é a celebração por ter mantido a certeza de seu compromisso com sua arte: “Já larguei várias coisas na vida, menos isso”, afirma.

A mostra de estreia conta história, necessidades e dúvidas com a cidade. Nela, o visitante pode viajar por meio de desenhos, pinturas, fotografias, vídeos, áudios e literatura. O cão raivoso, mas em delicada aquarela, nesta página, é uma das belas imagens que ocupam duas salas, que têm visitação gratuita.

Desde o berço

Estandelau se volta para estas chances visuais deste os 17 anos. Avesso à escola, o adolescente passava horas em um terreno baldio, junto de um antigo galpão da linha ferroviária, no município de Ibirité, onde ainda hoje vive o artista.

Ali, como num filme ao vivo, assistia os vagões passarem, muitos deles grafitados e pichados. Naqueles breves segundos, o desafio de Estandelau era memorizar os grafismos da “street art”. “Assim aprendi a desenhar”, admite.

Sensível, a mãe do artista, uma professora de biologia que lhe batizou com o nome do pai, também o inspirou nestes processos. “Quando vínhamos para Belo Horizonte, eu ainda criança, ela ensinava a me locomover pegando estes desenhos como pontos referenciais. É uma outra relação com a cidade”, diz.

Mais tarde, depois de trabalhar como operário em uma fábrica têxtil e de fazer as pazes com a escola por meio de um supletivo, Estandelau iniciou formação na Casa dos Quadrinhos e no Estúdio HQ de Artes Visuais, ambos em BH. Em 2011, gradua-se em Artes Plásticas na Escola Guignard.

Há dois anos, Estandelau é um dos integrantes do Coletivo de Experiências em Residências e Colaborações Artísticas (www.coletivocerca.com), ao lado dos artistas visuais Juliana Gontijo e Marcel Diogo. No primeiro trabalho do trio, uma irônica coincidência para Estandelau. Trata-se de uma residência artística na cidade de Cordisburgo, junto da antiga estação local.

Eis que o trem “visual” passa mais uma vez, dando carona para o artista, agora, junto de seus amigos, novos fãs desse filme inusitado. O resultado disso será postado até o final do mês, no site do Coletivo.
 

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