Especialista disseca estudo que indica queda de R$ 11,1 bilhões na economia da cultura brasileira

Thiago Prata
@ThiagoPrata7
28/04/2020 às 18:34.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:23
 (Flávio Charchar/Divulgação)

(Flávio Charchar/Divulgação)

Uma nota técnica publicada por professores e pesquisadores da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (Ufmg), na última sexta-feira (23), prevê uma queda de R$ 11,1 bilhões na economia da cultura brasileira em três meses de isolamento social. O número é resultado de um estudo elaborado por cinco especialistas.

“Recorremos a dados do Ibge (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (Sniic), lançado em dezembro de 2019, da Matriz de Insumo-Produto, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, assim como uma busca por temas no Google. O trabalho foi feito em cerca de 20 dias”, relata Ana Flávia Machado, professora da Faculdade de Ciências Econômicas da Ufmg e uma das responsáveis pelo estudo.

“A cultura é um segmento que já vinha sofrendo bastante, por conta do enfraquecimento das políticas públicas, principalmente a nível federal, e que depende muito do Estado, por intermédio das leis de incentivo, fundos de cultura e editais, sejam do setor público ou privado. E soma-se a isso o fato de que grande parte dos trabalhadores do setor da cultura, não só artistas como também técnicos, produtores culturais e outros profissionais, não são assalariados; ou seja, hoje, não contam com renda de seu trabalho”, destaca.Arquivo pessoal

Ana Flávia Machado é uma das responsáveis pelo estudo divulgado

O documento, disponibilizado no site do Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG), traz informações do estudo, assim como sugestões para mitigar os impactos negativos sobre a economia da cultura durante o período da pandemia. 

“A curto prazo, estamos sugerindo, como já vem sendo proposto por um projeto de lei na câmara, que artistas, técnicos e outros trabalhadores do setor cultural tenham acesso a renda mínima, sejam desonerados do ponto de vista de pagamentos de tributos, como imposto de renda, Iptu, contas de serviços públicos...”, relata ela, a respeito de algumas propostas. “A médio prazo, uma vez que se restabeleça a autonomia financeira, a gente sugere o fortalecimento de políticas públicas para o fomento à cultura, principalmente nas áreas mais pobres, onde o setor privado não se faz tão presente”, continua sobre algumas outras possibilidades.Flávio Charchar/Divulgação

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Artigo

Além de Ana Flávia, o estudo tem autoria de Débora Freire Cardoso, outra professora da Face, Rodrigo Cavalcante Michel, doutor em economia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Face, Gabriel Vaz de Melo, mestre em economia também pelo Cedeplar, e Alice Demattos Guimarães, mestranda em mercados globais e criatividades locais no Erasmus Mundus e graduada em Ciências Econômicas pela Ufmg.

Os resultados das pesquisas não se limitarão ao documento divulgado. “Vamos avançar até transformá-lo em um artigo científico, mas para isso precisamos levantar mais informações”, revela Ana.

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