Espetáculo coloca no palco a força e a riqueza da Música Popular Brasileira

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
17/01/2020 às 09:02.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:19
 (Laura Rust/Divulgação)

(Laura Rust/Divulgação)

Ao montar um espetáculo para celebrar a força e a riqueza da música popular brasileira, reconhecida mundialmente, o diretor Sergio Módena sabia que muita canção de qualidade ficaria de fora. Por isso, optou por aquelas que simbolizaram uma época, representaram uma geração e firmaram um gênero. Também foi determinante para o repertório final o fato de ele ter focado em obras feitas por duplas.

“Esse é um dos momentos mais bonitos das artes em geral, quando dois artistas se encontram e estabelecem uma grande parceria”, registra Módena, que vê nesta junção uma forma de promover o resgate da afetividade. Para ele, “Grandes Encontros da MPB”, atração hoje e amanhã, no Palladium, é um passeio divertido e poético sobre a importância dos encontros, artísticos ou não.

As parcerias ultrapassam o modelo estampado em Tom Jobim e Vinicius de Moraes, que compuseram algumas das belas obras da Bossa Nova, reunindo também autor/intérprete e dois intérpretes. Uma cena emblemática do espetáculo mostra o instante em que Caetano Veloso e Gilberto Gil estão no exílio, de 1969 e 1971, e recebem a visita de Roberto Carlos, um encontro que resultará nas músicas “London, London” e “Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos”.

Entre as mais de 30 canções presentes no musical , estão parcerias que envolvem quase sete décadas de MPB, nas mais variadas expressões. Há desde Bossa Nova e o Clube da Esquina até música regional, o samba e também o rock. “A MPB tem um conceito muito mais amplo do que se costuma ter”, destaca Módena, que incorporou canções de Raul Seixas, Titãs e Paralamas do Sucesso ao espetáculo.

Sem Censura

A importância de “Grandes Encontros da MPB” também está, de acordo com o diretor, na reflexão que promove, ao celebrar a música num momento de condenação à cultura promovida por setores conservadores. “É preciso reconhecer a importância, como um país que produziu e continua produzindo grandes artistas. A cultura é fundamental. Define o que somos. É a nossa identidade”.

Ele acredita que este momento turbulento irá passar, citando como exemplo o período ditatorial. “Naquele tempo, Caetano Veloso e Gilberto Gil não podiam fazer shows. Os anos passaram e eles estão aí, no auge da criatividade, comemorando no palco os 50 anos de amizade. Os contextos passam e os artistas sobrevivem”, assinala Módena, que criou a peça ao lado de Pedro Bricio, responsável pelo roteiro.

Neste tom de celebração, os realizadores de “Grandes Encontros da MPB” deixaram para o final uma música contemporânea cantada por Lineker e Johnny Hooker, intitulada “Flutua”. O discurso de tolerância da letra estabelece, de acordo com o diretor, um momento pungente e que levanta o público, mostrando que os encontros podem transformar o que estamos vivendo e deixar um legado. 

Serviço

“Grandes Encontros da MPB” – Hoje, às 21h, e amanhã, às 18h e 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Avenida Augusto de Lima, 420). Ingressos: Plateia I – R$ 90 (inteira) e Plateia II – R$ 50 (inteira)

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