Espetáculo solo de Preto Amparo, ‘Violento’ estreia nesta quinta-feira na 44ª Campanha

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
30/01/2018 às 17:53.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:03
 (Pablo Bernardo/Divulgação)

(Pablo Bernardo/Divulgação)

Um experimento para testar as possibilidades do corpo negro em cena. Esse foi o mote da performance “Violento”, apresentada pelo ator e iluminador teatral Preto Amparo na Faculdade de Belas Artes da UFMG, em 2016. Segundo o artista, diferente de outras performances com nu que já aconteceram na instituição, a resposta da diretoria foi mandar fechar as portas do prédio.

A reação causou indignação de alunos e professores, e também motivou Preto Amparo a aprofundar a pesquisa. O artista convocou, então, Alexandre de Sena para dirigi-lo e transformou “Violento” num potente espetáculo solo, que chega agora  à 44ª Campanha de Popularização do Teatro e Dança, com temporada entre quinta-feira (31) e domingo (4), na Funarte.

Amparo conta que a peça tenta apresentar e entender os signos do corpo negro, traçando um paralelo entre a contemporaneidade e a ancestralidade. “O processo foi feito de forma aberta. Buscamos vários diálogos sobre  essa identidade”, afirma. “O espetáculo não tem fala. Então, há uma parte imagética e sinestésica muito forte na construção da atmosfera das cenas, com fumaças e aromas”, completa.

Ainda  fora do teatro, Amparo convida o público para entrar e experimentar o “espetáculo-ritual”. “Trabalhamos esses elementos de forma ritualística. A fumaça não é apenas um enfeite, traz vários significados para esse corpo negro. A pipoca, por exemplo, pode ser vista como uma comida de orixás, mas também reflete o assassinato de um jovem negro no Rio, morto pela polícia, que confundiu um saco de pipoca com drogas”,  exemplifica, ressaltando que há apenas um texto lido em cena. 

“Achamos que também seria importante esse corpo falar em algum momento e condensamos esse desejo numa só frase”, revela Amparo. “Sou de Patrocínio e na região há uma língua chamada calunga, que era usada pelos escravizados. A frase faz um jogo com essa língua”, explica.

A peça – que tem a iluminação e a trilha sonora como preponderantes pontos cênicos  – chega à Campanha depois de rodar por cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. “Tivemos, recentemente, trocas importantes com grupos negros de outros estados. E, agora, voltamos com o desejo de fortalecer essa conversa em BH, tanto com os grupos quanto com o público, ainda mais num espaço popular, como o da Campanha”, finaliza Amparo. 

Serviço: Espetáculo “Violento” na 44ª Campanha de Popularização. De quinta-feira (31) a sábado (3), às 21h, e domingo (4), às 19h, na Funarte (Rua Januária, 68, Centro). Os ingressos custam  R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).

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