(Divulgação)
“A Esposa” parece se resumir a Glenn Close. Pelo menos nas premiações e indicações deste início de ano. O filme, em cartaz a partir de hoje nos cinemas, não tem sido lembrado em outras categorias, fenômeno que deve se repetir no Oscar, com grande chance de Glenn levar a sua primeira estatueta para casa após seis nomeações.
Apesar da grande atuação da atriz, o problema do filme está no fato de passar uma mensagem que hoje soa, no mínimo, démodé: conformismo. Mesmo que a personagem faça parte de uma geração que aprendeu a ser sombra do marido, o desfecho de “A Esposa” é, de certa maneira, decepcionante.
A decisão de Joan, mulher de um escritor (Jonathan Pryce) prestes a ganhar o Prêmio Nobel, não é o ponto de desagrado, mas sim os elementos circundantes que forçam um anticlímax, vilanizando alguns personagens, como o jornalista que busca desmascarar o processo literário do escritor.
A narrativa poderia trafegar com maior sutileza e inflexão sobre a angústia de Joan ao acompanhar a fama do marido. Já que o desfecho é previsível, o filme poderia ter desenvolvido melhor a relação de dependência mútua. A isso pode ser chamado amor, apesar das decepções.
Como a grande celebração literária que serve de pano de fundo ao longa, “A Esposa” parece também reiterativa, acentuando o que não precisa e perdendo de vista alguns momentos interessantes, como o encontro de olhares de duas esposas dos laureados, num silencioso entendimento do que vivem.
Ao final, o que prevalece, numa opção que reduz qualquer leitura feminista e atual, é que fantasmas familiares construídos ao longo do tempo devem continuar silenciados. A verdade só é compartilhada aos filhos, imaginando-se ser garantia suficiente para não se repetir os erros do passado.
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